domingo, 30 de dezembro de 2007

40.






















Foto de M


Ou, quem sabe, com um sorriso, apenas com um sorriso, um palhaço-brinquedo me fale da inutilidade dos dias adultos pendurados no vazio.
M

39.

Fotos de M

Entre a escuridão e a luz, talvez um pássaro cante o meu silêncio. Para que eu não ensurdeça de me não ouvir.
M

38.

Foto de M

Às vezes a cor, de tanto se diluir no nada, desaparece nos braços confusos do pensamento.
M

37.


Foto de M

Sucedem-se os dias no calendário dos homens. Serão agora outras as linguagens e as tonalidades, outras as ilusões, outros os silêncios.
M

domingo, 23 de dezembro de 2007

sábado, 22 de dezembro de 2007

35.

Foto de M

Um pedaço de sol esfarrapado empurrado pelo sopro do universo.
M

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

34.


Foto de M

Por vezes, quando os pássaros pousam no mundo dos homens, emprestam-lhes as suas asas e cantam de alegria ao vê-los voar.
M

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

33.


Foto de M

Natal, palavra-gesto que se deseja inesgotável neste nosso pequeno mundo terreno onde os seres humanos, por causa das suas ambivalências, se encontram e desencontram no mais íntimo de si mesmos e no que compreendem, ou não compreendem, dos outros.
M

Feliz Natal para todos!


Foto de M

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

32.






















Foto de M


Recolhimento. Palavra fechada em si mesma no distanciamento e na procura do entendimento das coisas.
M

sábado, 15 de dezembro de 2007

31.

Foto de M

Ainda a luz. Brincando nos jardins de que o mundo é feito. E as papoilas que encontro nos caminhos por onde passo. Sem que elas me vejam, sem que saibamos umas das outras. Apenas as pedrinhas das suas fantasias, apenas o meu olhar preso nelas. Por causa da cor. Por causa do deslumbramento. Por causa da vida.
M

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

30.


Foto de M

É tão antiga e tão presente a luz que poisa nos lugares deste meu mundo onde os objectos permanecem para lá dos gestos perdidos.
A luz é a mesma de então. A mesma dos fins de tarde em que ela se esgueirava por detrás dos prédios altos da rua e nos visitava. Estava sempre afogueada nos dias quentes de Verão e deixava marcas rosadas no azul do céu, nas paredes, nos objectos, nos livros, onde quer que pousasse. Durante o Inverno era fugidia, um pouco apressada, talvez. Demorava-se apenas uns minutos, o tempo de ele a agasalhar dentro da máquina fotográfica, com receio de a perder por causa da pressa dela.
A luz que ainda me visita é a mesma de sempre. Gosta de voltar nos dias em que o sol se mostra, e eu gosto que ela atravesse as vidraças da minha sala. Entra sem que eu a oiça, com o à-vontade de quem conhece a casa, e deixa-me os olhos embaciados, com lágrimas a baloiçar. Eu disfarço, para não a atrapalhar, e consigo embebê-las dentro do meu coração.
M

29.

Foto de M

Uma brecha na parede. Hum!... Sendo estas figuras de barro… Não sei o que pensar…
Dentro das minhas reticências, divirto-me a imaginar-lhes as intenções.
M

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

28.

Foto de M

Dezembro é por vezes um tempo de porta fechada. Acendemos a luz ao canto da sala e debaixo dela nos sentamos a desembrulhar recordações.
M

sábado, 8 de dezembro de 2007

27.

Foto de M

Pedras sem nome que lembram corações arremessados para a rua por mãos trémulas. Serão corações magoados, à espera da luz e da água da vida.
M

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

26.

Foto de M

Será porventura assim o tempo breve dos homens: um bordado de vida e de morte tecido na cortina translúcida dos dias.
M

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

25.

Foto de M

E há também os gestos dos que me abraçam quase em silêncio, e assim me falam. E me abrigam. E me alimentam com a sua ternura, como se eu fosse uma planta que não querem ver morrer.
M

(Para o Zé Alfredo e para o Vasco.)

24.

Foto de M

As palavras têm os tons e a textura dos momentos. E a verdade de quem as escreve ou diz. Ou de quem não chega a dizê-las, preferindo-as caladas, guardadas no silêncio de si mesmo. Porque são por vezes frágeis os fios das sílabas com que se tecem as palavras. E podem partir-se, quando enrodilhados na sua própria fragilidade de expressão humana.

Mas também há as palavras oferecidas. Presentes ao jeito de cada um, ao jeito do seu sentir e do seu entendimento deste mundo, ao jeito da sua generosidade.

Eu gosto das palavras que me são oferecidas.

M

(Para: Ana Santos, Aquilária, Bettips, Cristina, Fernanda, Francisco, Herético, Jawaa, Licínia, Manelinha, Mena, T., Teresa David, Vida de Vidro, Vina.)

domingo, 2 de dezembro de 2007

23.

Foto de M

Não, não vejo pássaros nem borboletas de asas delicadas a esvoaçar no meu domingo. Nem o vento sopra sussurros nas folhas dos caminhos ao sol por onde não passo hoje. Ah, mas tenho uma taça com flores azuis desenhando jardins na luz do silêncio!
M