segunda-feira, 11 de agosto de 2008

75.

Foto de M

Sayonara. Madame Butterfly. Puccini. Estufa Fria, jardim de plantas diversas onde a luz é silêncio e sombra húmida e passos serenos de corpos enlaçados em sussurros indecifráveis de países longínquos pisam a pedra miúda de caminhos nossos.
Juntei-os todos na minha imaginação quando ali fotografei esta janela que me lembrou o cenário da ópera Madame Butterfly que em tempos vi. E pensei o adeus e o amor na sua universalidade, para lá das palavras ditas e do seu entendimento. Atravessando mares e continentes, tocando culturas distintas, na fidelidade e na infidelidade, no aceno vago da fuga ou no voo da esperança no encontro. Un bel di vedremo… A comoção na voz dolorida da experiência humana do amor. A voz de cada um, qualquer que seja o lugar onde o amor pousa e o adeus se diz.
M

7 comentários:

Licínia Quitério disse...

Fico deslumbrada com este quadro de extraosdinária sensibilidade. Um marinheiro que parte, uma imenso choro cantado, essa luz cinzenta e húmida, essa fresta de de suaves verdes. Parece perfeito.

Um beijo.

Alberto Oliveira disse...

... da Estufa Fria a um qualquer ponto do continente asiático é um pulo. De cantar o amor até que a voz lhes (nos) doa, só um coração de pedra não sente.

Mas antes, é preciso ter a arte de colocar as palavras certas logo a seguir ao cenário e convidar-nos a fazer parte da representação. Foi o que fiz. Com muito gosto.

bettips disse...

Um sussurro de seda passou nessa abertura: Madame Butterfly chorada e cantada num adeus que ouvimos.
E re-ouvimos com as tuas palavras.

Justine disse...

Emocionou-me a tua foto. E viajei com as tuas palavras até à ópera de que mais gosto.
Muito, muito belo, M.

Teresa David disse...

Realmente mal li o texto consegui visualizar a cena onde a Butterfly canta a ária que mais gosto de toda a ópera, tendo por detrás dela biombos de papel de arroz.
Fantástica aproximação em palavras sempre tão sensiveis e de qualidade real.
Bjs
TD

Mónica disse...

até me arrepiei, adoro esta ópera, q adorava ver ao vivo

bettips disse...

Aqui está, em reflexão à época, tão antiga e tão "hoje".
Como explicar esta interferência de pensamentos/imagens, este click na luz da memória? Será que temos interruptores de cabeça?
E as "luvas", a mesma foto que tenho? Será que sem saber projectamos o olhar dos outros? copiamos sem o perceber?
Andei há dias a ver muitas das fotos do PPP, antigas: somos todos tão iguais, todos tão humanos e próximos (nos)pareciam. Até se perderem tantos nomes.
Sempre uma ilusão, esta vida hoje que em breve é ontem.
bjs