sexta-feira, 30 de maio de 2008

68.

Foto de M
Óleo s/tela pintado por Luís Artur

Flor de seda abrindo-se em jardim à beira da cidade predilecta. Porque podia ser Paris, lugar de esquinas e de encontro de passos.
M

domingo, 25 de maio de 2008

67.


Foto de M

Ao abrir hoje esta janelinha do Tempo, lembrei-me que às vezes dou comigo a pensar em inglês. Hábito antigo, que me visita de vez em quando, desde uma estadia feliz de dois anos em Inglaterra onde o português só era partilhado em família. Não sei qual a razão deste fenómeno, mas a sensação que tenho quando isso me sucede é a de que, nesses momentos, procuro afastar-me de mim através do uso de outra língua. Como se precisasse de trazer alguém para o meu lugar, mantendo-me contudo a seu lado, numa tentativa de distanciamento do meu pensamento. Para o não reconhecer, porque incómodo ou pouco claro, numa espécie de fuga silenciosa ao que, ainda que sem disso ter consciência, não quero verbalizar? Ou, pelo contrário, para o reconhecer e nele me encontrar com maior lucidez e apaziguamento, porque dito e ouvido, e talvez até sentido, de outro modo? Não sei. As frases são apenas esboçadas, esboroam-se pelo caminho no esquecimento de si mesmas e de mim, e perco-as para sempre. Com elas desaparecem também a estrangeira que as proferiu e o pensamento que as originou, uma espécie de fugaz energia que se apaga sem deixar rasto de luz. Bem gostava de compreender a causa desta dupla linguagem mas, quem sabe, é tudo uma questão de mercúrio e de pressão atmosférica… Dreadful weather, dear!...

Sometimes… I wish… I don’t know why…

M

terça-feira, 20 de maio de 2008

PARECE QUE...

Lá fui buscar o meu computador e deixei por troca, desta vez, cerca de 80 euros, a juntar aos 108 primeiros, para trazer para casa um aparelho com o interior renovado, ao contrário da Lili Caneças e outras damas (não sei se de ouros, paus, copas ou espadas, nem sei se fazem parte de algum baralho de cartas) que se dispõem a plásticas externas vips. Apenas brinco, que não me incomoda nada que as façam, e até lhes admiro a coragem, pois deve doer na pele que se farta, e na bolsa, claro. Um peso a provocar o desequilíbrio do corpo, se a bolsa não estiver colocada em lugar acondicionado. Um desaire, para além das rugas, pois que se há desequilíbrio, será necessária nova operação. O meu computador levou um disco rígido novo, que o outro estava estragado nalgumas partes, se assim posso dizer, que não entendo quase nada desta linguagem. Enfim, parece que nestas máquinas os órgãos se concentram todos numa lua cheia (que eles, pelos vistos, e apesar de encarcerados, também gostam de sonatas ao luar), e já que é rígido, espero que dure pelo menos os dois anos de garantia que lhe concedem.
Assim sendo, voltei ao meu teclado, ao meu ecrã, aos meus endereços de mail, às minhas bokmarks (que "pesquei" uma a uma e coloquei do lado esquerdo em fila de meninos bem comportados) e aqui fico à espera das fotografias para a palavra "Gesto" que ainda não me chegaram para o Fotodicionário.
Fiquem bem. Eu fico razoavelmente, porque não tenho nenhuma lua cheia dentro de mim e os meus órgãos estão presos a lugares pré-determinados, o que às vezes pode ser um inconveniente, pois podem fartar-se da companhia uns dos outros e desatar a rabujar por tudo e por nada. Ou até mesmo sentir muito mais a falta de um deles quando os mais próximos deixam de funcionar ou lhes cortam parte. É que pode ser precisamente a parte mais importante, não acham?
M

sábado, 17 de maio de 2008

FRUSTRAÇÃO!

Pois parece mentira mas não é: o meu computador meteu outra vez baixa. Não a do Chiado, que essa tem movimento. A do meu computador é tecnológica. Parece, pois que de humano ele só tem os meus dedos sobre o teclado. A lógica dele não é a minha, não, e não entendo o silêncio branco com que às vezes me brinda. Deve querer dizer-me alguma coisa, mas só oiço um rosnar de fundo, que nem zumbido é. Esse é o das abelhas, e aqui não as há, a não ser que algum fotógrafo a traga debaixo de olho e a mande para o Palavra Puxa Palavra mais uma flor doce.
Ai, eu brinco, mas garanto-vos que não tenho vontade nenhuma de brincar. Ontem desapareceram as bookmarks dos blogs. Num ápice, sem que eu percebesse a razão. Tentei compreender, desisti, fui dormir. Pensei: pode ser que elas tenham querido ir dormir nalgum hotel e amanhã voltem à casa branca. Esta, não a do senhor Bush. E ainda bem, que ter a tromba dele aqui provocava-me insónias. E se ele se lembrasse de pousar o cotovelo no meu teclado e fingisse que tinha um sorriso e fingisse que sabia de cor o discurso (diz, urso...) enquanto o lia de soslaio?
Garanto-vos, estou frustrada. Deixei o meu pc (o meu, não o dos militantes, que eu não milito em nada) na tal PC Clinic logo ao abrir, nas mãos de um senhor de bata branca que me disse que o ia auscultar na bancada. Uma espécie de marquesa não-humana, pequenina. Ao lado estavam mais doentes tecnológicos (os senhores de bata branca não tarda também adoecem com tanta tecnologia, o pior é que leva tempo a percebermos que estão doentes), uns muito caladinhos, outros a rosnar baixinho. Não sei se tinham dores de parto. Talvez, quem sabe, que as novas tecnologias prometem desaires desses.
Enfim, aqui estou, usando um computador da família. Não tenho os vossos endereços de mail, não tenho os vossos endereços de blogs, estou furiosa.
Mas desta vez digo-vos que vão enviando os vossos mails e fotos que eu tentarei responder. E farei os possíveis para que na quinta-feira haja Fotodicionário. Se não for em minha casa, que o seja na casa de alguém da família.
Fiquem bem, que eu estou péssima e só me apetece fugir para o espaço aos trambolhões.
M

*************** (Isto é um fecho éclair a abrir)

Voltei a abrir o silêncio branco deste computador para vos dizer que o senhor da bata branca que me atendeu, quando lhe perguntei se fazia alguma ideia do que se passava, abanou a cabeça com convicção respondendo-me que não fazia a mínima ideia de qual seria o problema. Pelo menos foi mais sério do que uns tantos médicos apressados que nem nos ouvem para nos perceberem e são incapazes de confessar a sua perplexidade perante as nossas doenças. Eu acho que eles devem ficar frustrados e por isso é que escrevem logo muitos medicamentos de nomes esquisitos com letras de adivinhar. A mim parece-me que eles não aguentam o silêncio da folha branca, não acham?
Ai! Será melhor eu marcar uma consulta? Que é que vocês me dizem? É que o Ai! pode ser tanta coisa!... Talvez algum humano saiba. Ou o reconheça. Ai! Até depois. Depois de quê? Sei lá! Depois de qualquer coisa.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

RECUPERADO...

e aparentemente de boa saúde, o computador regressou a casa e pouco a pouco irá reflectindo os meus pensamentos caseiros, como habitualmente.

domingo, 11 de maio de 2008

AVISO

Estou com problemas no meu computador e tive que o levar ao estaleiro. Aguardo o diagnóstico.
M

66.

Foto de M

Flores e pássaros embaciados, um modo de dizer o silêncio.
M

sexta-feira, 9 de maio de 2008

65.

Foto de M

Por um triz, diz-se. Um quase nada, um instante, corpo e alma aos trambolhões, separados um do outro na vertigem da queda, lá em baixo a bocarra do abismo sorvendo os gritos perdidos do desespero. Depois mais nada, apenas o silêncio ferido do eco. Por um triz, diz-se.
M