sexta-feira, 22 de maio de 2009

98.


Foto de M

Abandono, a palavra da semana a provocar-nos no Fotodicionário.
Foi com esta minha fotografia que a pensei. De dois modos. Um mais sombrio que tenta explicar o abandono como perda, algo que acontece quando a essência que habita e sustém o encanto de um lugar, de um objecto, de um momento, de um projecto, de um ser, se torna irreconhecível. Por razões várias, perceptíveis ou não, simples ou complexas, inexplicáveis ou até mesmo contraditórias algumas. Ou apenas porque o Tempo tem pressa de absorver o futuro e abre nele caminhos diferentes que se sobrepõem à dormência do esquecimento.
O outro meu modo de, através desta fotografia, exprimir a palavra Abandono será mais luminoso e tranquilo. Reconheço nela, também, o significado de renúncia assumida que por vezes se completa pela entrega a alguém ou a uma causa na fruição plena da escolha feita.
Tanto num caso como no outro, julgo que a presença da luz e da sombra traduz em parte o conceito de abandono.
M

8 comentários:

Solange Estevens disse...

Nesta mesma sexta-feira, em que um sentimento vago, indefinido, mas que tem em si algo de melancolia, vagueava por blogues à procura, justamente à procura. E encontrei este abandono que afinal nem é tão desconsolador, porque se é feito de sombras tem também a luz. O equilíbrio dos opostos, afinal. Mas sempre "a dificult balance". Solange

Licínia Quitério disse...

Em qualquer das abordagens do significado de Abandono, a imagem faz uma tradução eloquente. O que fica depois da partida do que era tido como essência? Aquela luz/sombra sem acessórios de cor. Por desnecessários, por indesejados.
Como quase sempre fazes, não te ficaste pela foto do objecto do Abandono, mas foste mais fundo - à própria natureza do Abandono.
A tua marca inconfundível.

Um beijo, M.

Justine disse...

E a vida é isto mesmo, uma sequência de luz e sombra.

bettips disse...

Irreconhecíveis, as sombras. A não ser pela memória ausente.
Abre-se a janela, delicadamente florida, ali ao lado.
Há um sol conhecido, talvez, oblíquo - não-sombra.
(não tem igual o que tiras da palavra).
Bj

vida de vidro disse...

Como sempre, explicas a palavra com a tua mescla razão/sentimento. Luz/sombra. Sim, pode haver as duas, no abandono. Um post reflexivo e belo. Como a foto. **

mena maya disse...

Uma abordagem poética do abandono,
limando-lhe as garras afiadas, suavizando-lhe a brutalidade, realçando-lhe os aspectos positivos, lembrando-nos que a vida é uma roleta e que em cada jogada tudo se arrisca...
"Les jeux sont faits, rien ne va plus"!

És linda, Manuela!

bettips disse...

Graças, Mena...quando eu lhe digo ela parece que não acredita; assim já somos mais!!!

mónica disse...

pensei q fosse o eclipse da lua :DDDDD