domingo, 12 de fevereiro de 2012

O Prazer de Viajar - 73


Foto de M

Quando avistei a fajã lá do alto, lembrei-me dos presépios que a minha Tia Chanel construía com a sua imaginação de tia querida, era eu criança. Recordei-a a amarfanhar folhas de papel pardo com as mãos leves e a dar-lhes forma de montes que, juntamente com o musgo fresco apanhado nos jardins por onde passeávamos, compunham o solo da nossa aldeia natalícia a viver temporariamente em cima de uma cómoda. Havia de tudo nesta aldeia da minha infância: casinhas de barro pintado, pastores, ovelhas, mulheres carregando cântaros à cabeça, flores, passarinhos, lagos que brilhavam em espelhos pequeninos, patos. Mais longe, os Reis Magos desciam pelos caminhos que os levariam à presença das figuras principais abrigadas na cabana, afinal as grandes responsáveis pela existência daquele cenário que nunca mais esqueci.
De presépios feitos pelos moradores da Fajã do Ouvidor – assim se chama – nada sei, mas imagino que também os haverá em Dezembro. Ou talvez não, pois vivem o ano inteiro dentro de um.
Mas deixando as fantasias, recomendo que espreitem os links abaixo. Neles encontrarão informação interessante sobre as fajãs em geral, sobre esta em particular, e sobre os produtos cultivados nos seus terrenos.
M

http://pt.wikipedia.org/wiki/Faj%C3%A3_do_Ouvidor
http://pt.wikipedia.org/wiki/Inhame
http://pt.wikipedia.org/wiki/Inhame_dos_A%C3%A7ores
http://pt.wikipedia.org/wiki/Revolta_dos_inhames

Fajã do Ouvidor, Ilha de São Jorge, Açores

5 comentários:

Justine disse...

Com estes teus excelentes posts, estás a provocar-me duas reacções(para além do prazer de te ler):
vontade inadiável de voltar aos Açores e vontade de reler Nemésio:-))))
Abraços

Licínia Quitério disse...

Ih! O que se aprende aqui. A revolta dos inhames é uma história exemplar da exploração das gentes.

Licínia Quitério disse...

Tenho também de dizer como gostei da história dos presépios da Tia Chanel, ondulando verduras sobre a cómoda. Uma delícia!

bettips disse...

E como não desejar ser "ouvidora" desse mar, nas quebradas dos campos geométricos?
E como não conhecer uma tia Chanel que já nos trouxe, por ti, tantas das belezas infantis?
Obg

R. disse...

Reconheci-me em ambos: no presépio encantado da infância e na legenda (velada) da fotografia, que ao primeiro vislumbre me sugeriu outros presépios.

É, verdadeiramente, um "prazer" passar por aqui :)