quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

NÓS E OS ESPELHOS


Foto de M 

Que dizer dos espelhos onde nos olhamos? 

 “Espelho meu, espelho meu, quem é a mulher mais bela do mundo?”, perguntava a rainha na história Branca de Neve e os Sete Anões.

E nós, neste nosso mundo de verdades e fantasias, dentro da história de cada um, que perguntamos, que vemos?

“Mã... mãmãmã… pápápá... cá… dádá… bó… papa...”. A criança está sentada no chão, surpreende-se, lambe o espelho inquebrável, morde-o, bate-lhe com a mão desajeitada, de tão pequena que é. 
“É o bebé, vês?”, diz a mãe, diz o pai, diz a avó, diz o avô, dizem todos, a família esgota-se em comentários e sorrisos. A criança olha para uns, observa outros, conversa em linguagem de espelho com alguém que é ela própria. Quem é esta personagem tão perto de mim, que me imita, que ri quando eu rio, que faz as mesmas caretas que eu?

 Ah, deixa experimentar de esguelha... Sou assim? Pensava-me diferente! Talvez um espelho maior me mostre uma imagem mais completa, quem sabe. Buscam-se as ruas, procura-se cada um a si mesmo nos inúmeros reflexos das montras das lojas: encontram-se aí rostos, expressões, silêncios, fantasias. Nada mais do que mundos desconhecidos por revelar, em imagens desfocadas sem resposta. 

Uma ruga?! Não estava cá ontem, tenho a certeza. 

Os espelhos, ai os espelhos! Perseguem-nos, protegem-nos também. Ali, em local inesperado, repara, mais parece um olho atento, num entroncamento de caminhos e perspectivas. Uma provocação, sabores a descobrir... 

M

4 comentários:

Manuel Veiga disse...

há que atravessar o espelho. por vezes...

beijo

bettips disse...

Espelho
reencontrado,
deste lado das reflexões.
Bj

Justine disse...

O teu mundo de ver crescer crianças, as tuas, tão bem reflectido no teu texto, como num espelho límpido e bem focado:)))

R. disse...

Simplesmente soberbo. :)