terça-feira, 7 de outubro de 2025

Caminhar sobre o passado no presente







 

Fotos de M

Foram umas miniférias passadas em Coimbra e arredores para reconhecer lugares há muito tempo não visitados e outros para conhecer pela primeira vez. Três dias especiais em que nos apeteceu fazer o Jogo das Diferenças que entusiasma crianças e adultos, mas não foi preciso assinalá-las em papel desenhando um círculo onde necessário fosse. Não usámos lápis nem papel, bastaram-nos olhos atentos, uma máquina fotográfica e o prazer imenso de descobrir. Em Conímbriga, a pequena distância da área das ruínas, onde novas escavações vão acontecendo, encantámo-nos com o Passadiço do Rio dos Mouros. Não sabíamos da sua existência. O rio já era conhecido dos romanos quando se fixaram ali e dele retirariam a água de que necessitavam para a vida na cidade. O passadiço é recente. Inaugurado em 2023, acompanha o rio entre vegetação belíssima e carreiros de terra batida com raízes a espreitar, troncos cortados sobre os quais apetece sentar, sombras e luz. Que contraste entre estes dois espaços! De um lado, pedras antiquíssimas sobre terra seca a aguardar pelas interpretações de arqueólogos, por associações feitas, pelas reconstruções de paredes passíveis de explicar cada vez melhor a História. Do outro lado, caminhos naturais e um passadiço entre vegetação variada e a limpidez do rio a deslizar. Tão interessante é caminhar sobre o passado no presente!

M

quarta-feira, 1 de outubro de 2025

Uma visita ao Dino Parque Lourinhã

Fotos de M

Tem calma, não queremos entrar nos teus domínios, animal de há milhões de anos! Com essa investida ainda derrubas a sebe do teu território! Não é razão para nos receberes dessa maneira! Estamos aqui apenas para conhecer a tua história e a dos teus vizinhos. Isto foi o que me passou pela cabeça dizer-lhe na ocasião, mas calei-me, sabia lá eu se reagiria com mais violência. E o da segunda fotografia, tão enorme ele era! Nem imagino o que seria para os filhos ter a mãe daquele tamanho. Pelo menos enquanto estivessem em fase de crescimento devia ser assustador se ela se distraísse e pousasse as patas no sítio errado… Ou então, quem sabe, talvez pensassem quando for grande quero ser como a minha mãe. Antes assim, realmente o mais sensato é ter sempre pensamentos positivos e sonhar. Pois foi em 2019 que visitámos em família o Dino Parque Lourinhã, para mostrar às nossas crianças como teria sido o habitat dos dinossauros. São réplicas perfeitas à escala real e bem inseridas na Natureza, mas suponho que, se fossem animais verdadeiros, fugiríamos a sete pés e não seria tão divertido como ver desenhos animados de dinossauros na televisão…

M

quarta-feira, 24 de setembro de 2025

A propósito do livro «Por Quem os Sinos Dobram» de Ernest Hemingway (*)

Fotos de M

Não li o livro Por Quem os Sinos Dobram, mas ainda vou a tempo de o ler. Vi em anos idos, muito idos, um filme de 1943, adaptado deste romance de Ernest Hemingway pelo realizador Sam Wood, com Gary Cooper e Ingrid Bergman. Dele recordo apenas, e mal, a última cena. Lamentável esquecimento. Felizmente tenho lido livros de outros autores, também sobre a Guerra Civil de Espanha, como Linha da Frente, de Arturo Pérez-Reverte. E de que maneira realista este escritor, repórter de guerra durante muitos anos e que aprecio em particular, trata o tema! Baseei a minha escolha da fotografia de Puebla de Sanabria nas suas descrições dos lugares por onde passavam e combatiam os grupos envolvidos na guerra. Não sei se nesta bonita vila medieval houve confrontos entre 1936 e 1939. Contudo, apesar do seu aspecto cuidado, quase intocável, que encontrei em 2016 quando a visitei, julgo possível terem existido ali combates no terreno. Olhando-a, imagino gente à escuta atrás de portas fechadas, olhares assustados atravessando janelas, mãos de armas em riste prontas para contra-atacar e abater soldados-alvos nas ruas. Facções inimigas à mercê do previsto e do imprevisto de uma guerra sangrenta, simultaneamente actores e vítimas. Sábio título o do livro.

M

(*) A minha resposta ao desafio proposto pela Bettips no PPP

quarta-feira, 17 de setembro de 2025

A propósito do livro «Uma Noite em Lisboa» de Erich Maria Remarque (*)



Fotos de M em 2015 

Fotos de S (3ª e 5ª)  

A Segunda Guerra Mundial é um assunto que me interessa em particular por ter acontecido numa época muito próxima da minha. O livro Uma Noite em Lisboa é especial. Pelo que conta e como conta. Só alguém com grande sensibilidade, vivendo na pele a perseguição e fuga durante anos, é capaz de escrever sobre a condição humana como Erich Maria Remarque o faz. Passando-se a história em Lisboa, pareceu-me interessante associar-lhe as cinco fotografias acima, independentemente do ano em que foram tiradas. Os acontecimentos trágicos ficam incrustados na memória universal onde encontramos imagens às quais ligamos outras imagens e reflexões. A Praça do Comércio seria lugar de encontro de refugiados chegados de comboio à Estação do Rossio, não longe dali. Com o rio Tejo à beira das suas vidas, o olhar angustiado pousado nele, presumo que subiriam e desceriam vezes sem conta as escadarias de repartições onde tinham esperança de conseguir passaportes e vistos de saída para a América. A segunda fotografia, essa mais sombria, mostra a Avenida da Índia em 1978. Em 1942, foram outros os automóveis que transportaram as famílias abastadas fugindo da loucura nazi a caminho do Hotel Palácio Estoril. Se os carris da fotografia são os mesmos ou se tinha sido necessário substituí-los por causa do desgaste natural, desconheço. Mas isso não importa para o caso. Sobre eles não deslizaram vagões atulhados de gente levada para campos de concentração. As carruagens dos comboios da Linha de Lisboa-Cascais tinham janelas, assentos e esperança de liberdade para quem neles viajou.

M

(*) A minha resposta ao desafio proposto pela Bettips no PPP

quinta-feira, 11 de setembro de 2025

A propósito do livro «Memórias de Adriano» de Marguerite Yourcenar (*)







Fotos de M

Quando há muitos anos li o livro Memórias de Adriano julgo que não tinha a maturidade suficiente para o apreciar. Vou relê-lo. Por agora, para responder ao desafio proposto para hoje, evoco o Museo Nacional de Arte Romano em Mérida, que visitei em 2016 e onde tirei algumas fotografias. O edifício, projectado pelo arquitecto José Rafael Moneo Vallés, inaugurado em 1986, é em si mesmo uma obra de Arte belíssima e fica perto do anfiteatro e teatro romano. Dedicado à arte romana, exibe um número valioso de peças do conjunto arqueológico de Mérida, fazendo parte do Património Mundial da UNESCO. Como o imperador Adriano tinha um enorme apreço pela civilização e cultura grega e romana e se rodeou de edifícios magníficos por ele mandados construir, penso que faço uma boa escolha ao recordá-lo aqui deste modo.

M

(*) A minha resposta ao desafio proposto pela Bettips no PPP