terça-feira, 18 de novembro de 2025

«Tem-te não caias»


Fotos de M

Em tempos idos, subi de automóvel a belíssima serra de São Macário, a cerca de 10 km de São Pedro do Sul. Uma estrada solitária, longa, sinuosa e relativamente estreita. No cimo, encontrei a capela e gruta de São Macário, onde, conforme a lenda, o eremita se refugiou para expiar o crime cometido acidentalmente contra o seu pai. Agora, ao olhar de novo as fotografias que tirei nesse momento de alturas pedregosas e íngremes, pensei na frase tem-te não caias. Por razões óbvias lá estava o corrimão do século 21 como apoio para os visitantes. A mim deu-me imenso jeito… Quanto ao modo como o eremita se deslocaria naquele meio agreste imagino as dificuldades, mas suponho que certamente teria a força física e anímica necessária para as ultrapassar.

M 

https://ondasdaserra.pt/index.php/portugal/item/1653-o-que-visitar-serra-de-sao-macario  

terça-feira, 11 de novembro de 2025

«Andar à solta»







 
 
 

 

Fotos de M
 

Naquela aldeia de sempre nunca esgotei o prazer imenso de andar à solta. O meu silêncio caminhava lado a lado com a serenidade dos campos, apenas uma ou outra voz ouvida na distância, as horas marcadas pelo sino da igreja, o zumbido das abelhas nos girassóis de Van Gogh, as flores etéreas, o canto dos pássaros a espreitar as sombras no caminho dos fetos, o repouso das pedras no tempo velho, a imensa luz do sol a envolver os dias longos, vagarosos, sem pressa.

M

domingo, 9 de novembro de 2025

«Andar na linha»


Andar na linha? Que linha? Uma única? Imposta por outros? Porquê, se existem tantas linhas à escolha? Pisam-se umas, evitam-se ou rejeitam-se outras, voltando a elas ou não, em movimento de procura permanente do que nos parece o mais adequado à nossa vida.

M

quarta-feira, 22 de outubro de 2025

«Para que conste»...

Foto de M 

Éramos um grupo de dez amigos que costumavam juntar-se mensalmente para jantar. Cada mês sua casa, levando cada casal comida para partilhar com os outros. Chegava tudo pronto, bastava aquecer o que fosse preciso aquecer e pôr na mesa juntamente com o que mais houvesse. Os donos da casa ofereciam também água, vinho, café ou chá. Chamávamos Jantar de Vagabundos a esses encontros. Como podem imaginar, a ementa era variada, e nalguns casos requintada, porque havia quem cozinhasse muito bem. No fim das refeições, cada casal levava consigo a sua parte do que tinha sobrado. Nesta noite de março de 2006 em que fomos os anfitriões, a mesa ficou como se vê na fotografia, naquela confusão à mistura com risos e histórias. Depois se retiraria tudo, não havia pressa. Regressados todos a suas casas, escrevi uma acta com o relato pormenorizado do encontro: as indumentárias, as ementas, as conversas, os disparates, intercalando fotografias elucidativas no texto. E «para que conste», no encontro seguinte, o «documento» foi lido e assinado por todos e entregues as cópias, tornando-se mais um motivo de divertimento por causa do que lá se contava.

M

domingo, 19 de outubro de 2025

Leveza

Foto de M

terça-feira, 14 de outubro de 2025

Quando o longe se faz perto

Foto de M

Há alguns anos, estivemos na Croácia com um grupo de portugueses acompanhados por um guia. Durante uma semana, deslocámo-nos em autocarro, de Dubrovnik a Zagreb. Trogir foi uma das cidades que visitámos, ficando o autocarro estacionado fora do centro.  Quando, ao fim do dia, regressámos ao parque de estacionamento para seguir viagem, o motorista apercebeu-se da impossibilidade de sair dali. Alguém tinha arrumado o seu automóvel deixando-nos sem espaço suficiente de manobra. Resolveu-se o problema: quatro ou cinco dos nossos companheiros juntaram-se ao motorista e, usando toda a sua força masculina, assentaram as mãos na parte debaixo do dito automóvel, levantaram-no e pousaram-no noutro lado. Rimo-nos todos com a aventura e perguntámo-nos o que teria pensado o dono quando o foi buscar e o encontrou de esguelha num sítio diferente.

M