quarta-feira, 15 de maio de 2024

Ninhos de Sintra


Fotos de M

Dois aspectos de Sintra. Afastados um do outro, rodeados de verdes e frescuras. Gosto muito de telhados. Lindos os do ninho de casas, a lembrarem cabelo entrançado em penteado de menina. Paredes-meias com o Museu Ferreira de Castro. A merecer visita à vida e obra do escritor que aprecio.

https://ensina.rtp.pt/artigo/ferreira-de-castro-tem-uma-casa-museu-em-sintra/

https://visitsintra.travel/pt/visitar/museus/museu-ferreira-de-castro

http://esan.web.ua.pt/FerreiradeCastro/iframes/textocasa.htm (Casa onde nasceu, em Ossela, Oliveira de Azeméis) 

M

terça-feira, 7 de maio de 2024

Flores de Mãe


Fotos de M

domingo, 5 de maio de 2024

Uma fatia de bolo - One slice of cake


Fotos de S

Tenho andado a pensar se a nossa vida não será uma espécie de bolo que vamos cortando em fatias conforme o apetite, sentados ou não à mesa, sozinhos ou acompanhados.

Pois foi então uma fatia do tal bolo a minha estadia com a família durante dois anos em Northampton, há quase meio século. Levámos connosco parte do nosso passado e presente, acrescentámos à vivência portuguesa a vivência britânica e regressámos a Portugal com tudo isso mais o resto do bolo com fatias de futuros por adivinhar. O livro da imagem acima fez parte da bagagem. Uma edição de 1976 da Northamptonshire Libraries recheada de textos informativos de interesse histórico sobre a vida da cidade desde meados do séc. 19 e o seu desenvolvimento durante os anos que se seguiram até fins do séc. 20. A acompanhá-los, fotografias de ruas antigas com lojas especializadas na venda de produtos diversos, como carne e poultry (perus, galinhas), chocolates e chá, tecidos, linhas, loiças, sapatos, venda e reparação de máquinas de costura, jornais, de tudo um pouco. Joalharias, o estúdio de um fotógrafo local de renome, uma empresa de encadernação e restauro de livros e manuscritos, uma fábrica de sapatos, outra de cerveja. Mercados, igrejas, monumentos, o primeiro hotel que foi durante séculos o centro de actividades sociais, conferências, concertos. O grande violinista Paganini esteve lá em 1834. O primeiro cinema, teatros, sociedades recreativas, bancos. Fotografias de cartazes, gravuras, pinturas, desenhos, os primeiros transportes. Quando lá vivi conheci algumas dessas ruas e estabelecimentos seculares ainda existentes onde me abastecia. Alguns edifícios tinham sido demolidos. Encontrei lojas com o nome e fachada originais, a decoração do interior e empregados ao estilo antigo lado a lado com outras lojas completamente renovadas. Um centro comercial, penso que o primeiro na cidade, e zonas de estacionamento com máquinas automáticas de pagamento. Comprei fruta e legumes em Market Square, também ao ar livre durante a minha estadia, mas com alterações em relação ao da fotografia da capa do livro. Mais citadino, talvez possa qualificá-lo assim. Era uma cidade tranquila onde a vida decorria sem atropelos, os parques amplos, as árvores frondosas, convidativos para crianças e adultos. Em Abington Park, o mais antigo, estacionava sempre a carrinha dos gelados com a sua música de chamar meninos. E lá iam eles a correr: One vanilla ice cream, please. As minhas sobremesas eram de outro género. Os livros de Arnold Bennett, Charlotte Brontë, Elizabeth Gaskell, Thomas Hardy, E. M. Forster, Lynne Reid Banks (soube que morreu em abril deste ano, com 94 anos), James Clavell, Virginia Woolf preencheram-me as horas livres de deveres familiares. Belos livros de bolso da Penguin cujas encadernações se mantêm intactas passados tantos anos. Aprendi imenso com eles, reconheci ao vivo, no contacto com a geração dos mais velhos com quem me cruzei, certas características comportamentais e ambientes descritos, apaixonei-me por algumas personagens, conversei com elas no silêncio de mim. Às vezes senti o isolamento que viver num país estrangeiro pode provocar. Portugueses, se os havia, nunca os encontrei por perto. Quando regressámos a Lisboa deixei na distância entre países um casal húngaro, duas professoras inglesas dos meus filhos e algumas mães de colegas seus de escola com quem mantive contacto. Infelizmente alguns já morreram, a outros perdi-lhes o rasto. Não penso voltar a Northampton, provavelmente não reconheceria muitos dos lugares por onde andei. Ficam as recordações.

https://en.wikipedia.org/wiki/Northampton

http://www.19thcenturyphotos.com/Unidentified-sitter-126748.htm

https://en.wikipedia.org/wiki/Abington_Park

https://butlinhiggs.weebly.com/northampton--county.html

https://www.history-in-pictures.co.uk/store/index.php?_a=viewProd&productId=1409

M

sexta-feira, 3 de maio de 2024

Sou fã de Arturo Pérez-Reverte

 

Fotos de M

Não me pareceu descabido servir-me dos excertos abaixo para responder ao tema de hoje no desafio do Palavra Puxa Palavra. Retirei-os de uma entrevista a Arturo Pérez-Reverte em outubro de 2002 sobre o seu livro O Cemitério dos Barcos sem Nome. Nos vários livros que li dele, sempre notei a relevância das características e desempenho das suas personagens femininas. Singulares e de certo modo misteriosas, são lutadoras e ultrapassam obstáculos aparentemente inultrapassáveis. Agora, conhecendo directamente através das palavras do escritor o que pensa sobre as mulheres, percebo a razão do que costumo sentir ao lê-lo.

«A mulher, por tantos séculos de olhar em silêncio, vê mais do que o homem vê. Ela não se pode enganar como o homem frente à dor e ao horror, é incomparavelmente mais consciente. Isso faz com que seja uma espécie de soldado perdido em território inimigo.»

«A aventura fundamental deste livro tem a ver com o facto de a mulher ser o único grande enigma que o homem não conseguiu resolver. Ele foi à Lua, ao fundo do mar, conhece os segredos da genética, mas o silêncio da mulher, a linguagem que existe por trás desse silêncio, esse desprezo tão intenso, essa coragem quando luta por algo que lhe importa, essa crueldade (pois a mulher sabe que se for vencida não tem segunda oportunidade), está por resolver. Esta é a aventura de Coy.»

M