terça-feira, 17 de outubro de 2017

248.


Foto de M

O cisne do lago Windermere, o meu cisne. Ontem lembrei-me dele e tirei-o da caixinha onde o guardo. Passaram já tantos anos desde que com ele me encantei numa loja em Bowness-on-Windermere e o trouxe comigo. A recordação de um lugar lindo. Julho de 1996! Tão distante e tão próximo. 
M



Fotografias resguardadas num álbum de tempos.

quarta-feira, 11 de outubro de 2017

247.


Foto de M

Talvez seja esta a cor da solidão, pensei mal a vi. Como fatia de bolo abandonada em mesa de refeição.
M

quarta-feira, 4 de outubro de 2017

246.


Foto de M 


Dois livros, um legado de letras e afectos na minha vida. Le Petit Chose, um livro especial, a força e a beleza do título inscritas nele, com ilustrações que desde criança me encantavam. Foi-me dado pela minha Tia Chanel em 1957, a dedicatória manuscrita a tinta permanente azul na página de rosto: Maria Manuela - Natal 1957. Mais acima, a lápis, o seu nome e a data 5 de Outubro de 1909 a marcar o dia em que fazia 15 anos. Quando mo ofereceu, tinha eu 16 anos. Curiosa a semelhança das idades de ambas, escolha certamente intencional, pelo gosto de partilhar uma obra que apreciava e o desejo de que as emoções sentidas na sua adolescência se prolongassem em mim. O facto de ser escrito em língua francesa não foi impedimento para eu o ler. No liceu do meu tempo, além do ensino de francês fazer parte do currículo obrigatório durante pelo menos cinco anos, a reconhecida competência, e exigência, da minha professora preparou-me para a leitura deste livro e de outros. Conservei-o durante anos, folheando-o de vez em quando com muito cuidado para evitar a sua degradação, e um dia considerei mais avisado mandar encaderná-lo, mantendo contudo a capa mole original. 
Sobre o outro, Cendrillon, não tenho memória do momento em que o recebi de presente, talvez alguns anos antes do Le Petit Chose. Deste recordo a compaixão que sentia pela vida da Gata Borralheira e o meu fascínio pela imagem daquela rapariga do vestido azul que me levava a sonhar com príncipes e princesas. 
Tão diferentes os dois livros e no entanto...

M


«Ce qui me frappa d'abord, à mon arrivée au collège, c'est que j'étais le seul avec une blouse. A Lyon, les fils de riches ne portent pas de blouses; il n'y a que les enfants de la rue, les gones comme on dit. Moi, j'en avais une, une petite blouse à carreaux qui datait de la fabrique; j'avais une blouse, j'avais l'air d'un gone...Quand j'entrai dans la classe, les élèves ricanèrent. On disait: «Tiens! Il a une blouse!» Le professeur fit la grimace et tout de suite me prit en aversion. Depuis lors, quand il me parla, ce fut toujours du bout des lèvres, d'un air méprisant. Jamais il ne m'appela par mon nom; il disait toujours: «Eh! Vous, là-bas, le petit Chose!» Je lui avais dit pourtant plus de vingt fois que je m'appelais Daniel Eys-set-te... A la fin, mes camarades me surnommèrent «le petit Chose» et le surnom me resta...»
Le Petit Chose, Alphonse Daudet, Illustration de J. Wely, Collection Illustrée Pierre Lafitte & Cie, 90, Avenue des Champs-Élysées, Paris, 1909.