Foto de M
Uma pequena estrela pousada neste mundo redondo em que os homens esqueceram o seu tamanho de meninos.
M
O mundo a seus pés…
Mas não importa o esquecimento, terá sido certamente um maravilhoso entrelaçar do corpo com a vida.
M
Paredes brancas ao canto da rua, sombras de silêncio tocando a luz do momento. Paisagem traçada nas cores da fantasia. Ali se senta a sede que escorre nos dias empilhados de solidões. Mesas sem migalhas onde não poisam pássaros de bicos abertos. O amplo abraço de um chapéu-de-sol sobre o nada que podia ser tudo: um pouco de consolo à beira do caminho.
M
17 de Agosto de 2007
Foi difícil retê-los na minha máquina fotográfica: passavam em bando diante dos meus olhos. Para lá, para cá, outra vez para lá, de novo para cá, no rasto do tempo que se gasta… Quase um jogo de esconde-esconde. Quase um riso imaginado. Pássaros-meninos desafiando-‑me? Duvido que dessem por mim na meia-luz da janela. Eu vivia o meu silêncio, eles piavam, batendo as asas negras num voo de pressas. Talvez procurassem o anoitecer, um adeus a mais um dia abandonado à beira-mar. Entre algas e conchas. E rendas de espuma em lençóis de areia. E rochas escorregadias cobertas de mantas verdes tocadas por pezinhos de crianças. O mundo a seus pés, a alegria dentro dos seus corações. Meninos-pássaros.
Mas para quê, diante da minha janela, aquele corrupio em busca do entardecer? Não tem o sol o seu ritmo muito próprio de se esbater no mar da vida arrastando com ele o nosso olhar temporariamente forrado de dourado?
M
15 de Agosto de 2007