Foto de M
Ao abrir hoje esta janelinha do Tempo, lembrei-me que às vezes dou comigo a pensar em inglês. Hábito antigo, que me visita de vez em quando, desde uma estadia feliz de dois anos em Inglaterra onde o português só era partilhado em família. Não sei qual a razão deste fenómeno, mas a sensação que tenho quando isso me sucede é a de que, nesses momentos, procuro afastar-me de mim através do uso de outra língua. Como se precisasse de trazer alguém para o meu lugar, mantendo-me contudo a seu lado, numa tentativa de distanciamento do meu pensamento. Para o não reconhecer, porque incómodo ou pouco claro, numa espécie de fuga silenciosa ao que, ainda que sem disso ter consciência, não quero verbalizar? Ou, pelo contrário, para o reconhecer e nele me encontrar com maior lucidez e apaziguamento, porque dito e ouvido, e talvez até sentido, de outro modo? Não sei. As frases são apenas esboçadas, esboroam-se pelo caminho no esquecimento de si mesmas e de mim, e perco-as para sempre. Com elas desaparecem também a estrangeira que as proferiu e o pensamento que as originou, uma espécie de fugaz energia que se apaga sem deixar rasto de luz. Bem gostava de compreender a causa desta dupla linguagem mas, quem sabe, é tudo uma questão de mercúrio e de pressão atmosférica… Dreadful weather, dear!...
Sometimes… I wish… I don’t know why…
M