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Foto de M
Consciência.
Encontrei-a assim em casa de amigos e gostei do que vi. Não, desta vez não meto a mão na consciência, ponho-a na máquina fotográfica, que a lente que ela tem oscila entre o detalhe e o todo conforme a perspectiva a reter. Isso agrada-me, sabem, deve ajudar a chegar ao tal sentimento de si mesmo de que falam os entendidos nestas matérias. E agora? Agora, ao espreitar através do visor, fiquei com a ideia, ou com a intuição, sei lá, de que não se tem um conhecimento imediato da própria actividade psíquica. O dicionário diz que sim, mas eu não acredito. Com tantos reflexos e texturas tão diversas de sombras e bordados Richelieu, mais as flores na fragilidade do vidro, e apesar delas, parece-me tarefa morosa a desenvolver em anos a fio. E estética, penso eu, embora o dicionário não atribua esse significado a Consciência no compartimento que lhe cabe na página. A não ser que seja ética o que lá está escrito. Não sei, nem fico com escrúpulo algum por a minha máquina fotográfica só me dar esta impressão da palavra. Talvez seja então aconselhável guardá-la no estojo, sentar-me à mesa sem pressas, e reflectir um pouco mais.
M