Sentei-me
numa das pedras a sentir o silêncio da paisagem. Relativamente perto
de mim, junto de uma senhora que presumi ser sua mãe, um menino
segurava nas mãos pequeninas um cone de gelado de baunilha que ora
lambia ora trincava, absorto no prazer do momento.Achei-lhe
graça e espreitei-o de vez em quando, curiosa. A certa altura
reparei que chorava, lágrimas tristes escorrendo dos seus olhos de
um azul profundo.
Deixei
cair o gelado na água, mamã, e agora está todo derretido.
A
mãe acariciou-lhe demoradamente os cabelos e aconchegou-o a si.
Não
fiques triste, meu querido.
Olha!
Transformaste
o teu gelado numa raia enorme.
És
um artista!
O
menino olhou para a mãe, olhou para o lago, e assim permaneceu
durante alguns minutos, como que suspenso nos seus pensamentos.
Depois sorriu e disse: Parece
a raia do Oceanário de Lisboa!
M