Foto de M
Fotografei este recanto apenas porque o achei singular. Só agora, ao repescar a imagem para a publicar aqui, me saltou ao pensamento um versículo do Evangelho de São Mateus: «Quando deres esmola, que a tua mão esquerda não saiba o que fez a direita, a fim de que a tua esmola permaneça em segredo; e teu Pai, que vê o oculto, premiar-te-á. (…)». Associações de ideias que amiúde me provocam, embora neste caso o conselho não possa ser seguido à risca. Tratando-se do corrimão de uma escada estreita que dá acesso à porta de entrada de uma casa, aquela mão esquerda que o sustém saberá, na maior parte das vezes, o que faz a direita. Não a sua porque não a tem, mas a de alguém que nele se apoie para subir os degraus com mais ligeireza. Além disso, estando ela presa à parede e sendo muda, terá menor capacidade de acção. Para quem desce, a situação será diferente. Em conformidade com a habitual constituição dos braços, a tal mão direita manterá a posição dextra no corpo a que pertence, não sendo visível do lado oposto. Encontrar-se-ão então apenas as duas esquerdas, ocasião propícia ao cumprimento mútuo, suponho, seja ele contido ou mais efusivo. Aliás, «Para baixo todos os santos ajudam», lá diz o ditado.
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