Foto de M
Tivesse
eu visto o seu rosto, quem sabe seria capaz de entender o que lhe ia
na alma.
Eu
estava por ali e reparei nela à distância. Impressionaram-me o
desalinho da sua figura e a total imobilidade em que se manteve
durante a hora e meia em que permaneci no jardim. Interroguei-me, e
interrogo-me ainda, sobre quais seriam os seus pensamentos.
Contemplaria calada, ou até de olhos fechados, o rio da saudade de
longínqua terra muito sua? Que pobreza a afligiria? Não sei, não
lhe vi o rosto. Talvez estivesse feliz. Talvez lhe bastasse poder
sentar-se à beira de um rio azul. Talvez fosse essa a sua única
riqueza. Eu vim embora sem nada conhecer da mulher. Ela ficou.
M