Foto de M
O
monte de livros por ler, à espera que eu levante a pontinha de uma
página, um pequeno sinal... Deixa
o resto e abre-me.
Vais
gostar de mim.
Na
livraria, lembras-te... Eu
sei, fiquei em pé contigo na mão, e contigo, e contigo, a
folhear-vos. Trouxe-vos porque queria ler-vos, não fossem esgotar-se
as edições. Pensava eu que vos lia logo, uns a seguir aos outros,
mas depois os afazeres estragam os planos... Pois,
às vezes a fazeres coisas inúteis te perdes e nos perdes. Nem
sempre apetece estar só convosco, preciso de trocar impressões com
outras pessoas. Estás
a esquecer-te do que costumas dizer. A tua memória anda pelas ruas
da amargura. Pois vou lembrar-te: quando acabas um livro que te
fascinou, é hábito contares que te é difícil sair da história,
que conviveste com as personagens durante tanto tempo que sentes
falta da sua companhia, que tens mais interesses em comum com elas do
que... Sim,
eu sei, há conversas com certas pessoas que me frustram. Mas tentem
entender-me, existem também programas de televisão que me
interessam e me “acrescentam”, como diz uma amiga minha. E filmes
espantosos... Ora,
desculpas. Nem sempre acontece assim. Algumas vezes, em dias solitários, recostas-te no sofá e ficas a olhar para ontem. Ou para
amanhã, sei lá. Mais vale olhares para hoje. Ora
essa, depende do hoje, alguns são tão aborrecidos que me põem
amarras de inércia. Um contra- -senso, aparente, explicável por
intermitências de humor. Então
e nós, não achas que é demais termos as nossas palavras
aprisionadas há meses? Qualquer dia acabamos mudos. Ou amarelecidos
por falta de ar. Está
bem, não se zanguem comigo, o ser humano é complexo. Não estão
vocês fartos de saber isso através de quem vos escreve? Esse
convívio é habitualmente longo... E tu, Meu Pássaro, não fiques
mal impressionado com esta conversa, eles e eu somos grandes amigos.
M