Praia, um lugar de presenças: mar, areia, rochas, sol, calor, neblina, sombra, brisa, contemplação, convívio, brincadeira, descanso, riso, memória, espera, passos, pegadas, passagem, aceno, leveza, despojamento, escrita.
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Praia, um lugar de presenças: mar, areia, rochas, sol, calor, neblina, sombra, brisa, contemplação, convívio, brincadeira, descanso, riso, memória, espera, passos, pegadas, passagem, aceno, leveza, despojamento, escrita.
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Fotos de M
Dois aspectos de Sintra. Afastados um do outro, rodeados de
verdes e frescuras. Gosto muito de telhados. Lindos os do ninho de casas, a
lembrarem cabelo entrançado em penteado de menina. Paredes-meias com o Museu
Ferreira de Castro. A merecer visita à vida e obra do escritor que aprecio.
https://ensina.rtp.pt/artigo/ferreira-de-castro-tem-uma-casa-museu-em-sintra/
https://visitsintra.travel/pt/visitar/museus/museu-ferreira-de-castro
http://esan.web.ua.pt/FerreiradeCastro/iframes/textocasa.htm (Casa onde nasceu, em Ossela, Oliveira de Azeméis)
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Fotos de S
Tenho
andado a pensar se a nossa vida não será uma espécie de bolo que vamos cortando
em fatias conforme o apetite, sentados ou não à mesa, sozinhos ou acompanhados.
Pois foi então uma fatia do tal bolo a minha estadia com a família durante dois anos em Northampton, há quase meio século. Levámos connosco parte do nosso passado e presente, acrescentámos à vivência portuguesa a vivência britânica e regressámos a Portugal com tudo isso mais o resto do bolo com fatias de futuros por adivinhar. O livro da imagem acima fez parte da bagagem. Uma edição de 1976 da Northamptonshire Libraries recheada de textos informativos de interesse histórico sobre a vida da cidade desde meados do séc. 19 e o seu desenvolvimento durante os anos que se seguiram até fins do séc. 20. A acompanhá-los, fotografias de ruas antigas com lojas especializadas na venda de produtos diversos, como carne e poultry (perus, galinhas), chocolates e chá, tecidos, linhas, loiças, sapatos, venda e reparação de máquinas de costura, jornais, de tudo um pouco. Joalharias, o estúdio de um fotógrafo local de renome, uma empresa de encadernação e restauro de livros e manuscritos, uma fábrica de sapatos, outra de cerveja. Mercados, igrejas, monumentos, o primeiro hotel que foi durante séculos o centro de actividades sociais, conferências, concertos. O grande violinista Paganini esteve lá em 1834. O primeiro cinema, teatros, sociedades recreativas, bancos. Fotografias de cartazes, gravuras, pinturas, desenhos, os primeiros transportes. Quando lá vivi conheci algumas dessas ruas e estabelecimentos seculares ainda existentes onde me abastecia. Alguns edifícios tinham sido demolidos. Encontrei lojas com o nome e fachada originais, a decoração do interior e empregados ao estilo antigo lado a lado com outras lojas completamente renovadas. Um centro comercial, penso que o primeiro na cidade, e zonas de estacionamento com máquinas automáticas de pagamento. Comprei fruta e legumes em Market Square, também ao ar livre durante a minha estadia, mas com alterações em relação ao da fotografia da capa do livro. Mais citadino, talvez possa qualificá-lo assim. Era uma cidade tranquila onde a vida decorria sem atropelos, os parques amplos, as árvores frondosas, convidativos para crianças e adultos. Em Abington Park, o mais antigo, estacionava sempre a carrinha dos gelados com a sua música de chamar meninos. E lá iam eles a correr: One vanilla ice cream, please. As minhas sobremesas eram de outro género. Os livros de Arnold Bennett, Charlotte Brontë, Elizabeth Gaskell, Thomas Hardy, E. M. Forster, Lynne Reid Banks (soube que morreu em abril deste ano, com 94 anos), James Clavell, Virginia Woolf preencheram-me as horas livres de deveres familiares. Belos livros de bolso da Penguin cujas encadernações se mantêm intactas passados tantos anos. Aprendi imenso com eles, reconheci ao vivo, no contacto com a geração dos mais velhos com quem me cruzei, certas características comportamentais e ambientes descritos, apaixonei-me por algumas personagens, conversei com elas no silêncio de mim. Às vezes senti o isolamento que viver num país estrangeiro pode provocar. Portugueses, se os havia, nunca os encontrei por perto. Quando regressámos a Lisboa deixei na distância entre países um casal húngaro, duas professoras inglesas dos meus filhos e algumas mães de colegas seus de escola com quem mantive contacto. Infelizmente alguns já morreram, a outros perdi-lhes o rasto. Não penso voltar a Northampton, provavelmente não reconheceria muitos dos lugares por onde andei. Ficam as recordações.
https://en.wikipedia.org/wiki/Northampton
http://www.19thcenturyphotos.com/Unidentified-sitter-126748.htm
https://en.wikipedia.org/wiki/Abington_Park
https://butlinhiggs.weebly.com/northampton--county.html
https://www.history-in-pictures.co.uk/store/index.php?_a=viewProd&productId=1409
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