quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

30.


Foto de M

É tão antiga e tão presente a luz que poisa nos lugares deste meu mundo onde os objectos permanecem para lá dos gestos perdidos.
A luz é a mesma de então. A mesma dos fins de tarde em que ela se esgueirava por detrás dos prédios altos da rua e nos visitava. Estava sempre afogueada nos dias quentes de Verão e deixava marcas rosadas no azul do céu, nas paredes, nos objectos, nos livros, onde quer que pousasse. Durante o Inverno era fugidia, um pouco apressada, talvez. Demorava-se apenas uns minutos, o tempo de ele a agasalhar dentro da máquina fotográfica, com receio de a perder por causa da pressa dela.
A luz que ainda me visita é a mesma de sempre. Gosta de voltar nos dias em que o sol se mostra, e eu gosto que ela atravesse as vidraças da minha sala. Entra sem que eu a oiça, com o à-vontade de quem conhece a casa, e deixa-me os olhos embaciados, com lágrimas a baloiçar. Eu disfarço, para não a atrapalhar, e consigo embebê-las dentro do meu coração.
M

7 comentários:

bettips disse...

A luz que sempre vem agasalhar-se nos cantos de tua casa.
Casa-coração eterno.
Bjs

Mónica disse...

belíssimo

mena maya disse...

A luz que vem matar saudades...e fazer-te companhia!

Palavras lindíssimas a bailar como particulas de pó nos raios dessa luz!

Um abraço.

Anónimo disse...

essa luz, que te enche a sala e o coração,acompanha-nos a todos.
bj.
fn

Manuel Veiga disse...

vibrátil. como a luz fugidia. ou uma lágrima a baloiçar...

Sonia Sant'Anna disse...

Que bem você agaslhaou essa luz!

rui disse...

Manuela.

Adorei ler este texto, fiquei com um nó na garganta!

Abraço