Foto de M
Pousados na terra dos homens. Dois pedaços fechados, por adivinhar. Como duas mãos por abrir a vida: a realidade e a fantasia; as flores e o espírito; os jardins e as estrelas; as cores que pacificam e o brilho que exalta. Como dois presentes oferecidos a um recém-nascido à procura de si e do mundo. Como dois beijos.
Lembrei-me deles, dos recém-nascidos: ao nascer trazem as mãos fechadas, os dedos pequeninos escondidos na concha de si mesmos. Depois, pouco a pouco, vão-nas abrindo em movimento instintivo de descoberta das coisas e de encontro com o afecto que lhes oferecemos na ponta dos nossos dedos. Para que o agarrem e o sintam, para que nos descubram, para que nos reconheçam. Para que nos adivinhemos mutuamente. Porque também nós, pequenos e grandes, somos pedaços de gente por adivinhar. Até que a morte nos leve com ela. Quando a nossa vida já não embacie os espelhos em que amiúde nos olhamos e nos perguntamos.
M
11 comentários:
As pedras que falam as palavras. De espírito atento à mão e olhar de criança que estendemos.
Tão sereno mundo assim visto! Como o sono deles.
Bj
As nossas grandes interrogações, os nossos espantos do princípio e do fim aqui feitos parábola em imagem e palavra.
Como gostei!
Beijo.
E a Vida... que nasce assim de mansinho...formando, adivinhando em cada molécula, o nosso sentimento...
Lindo este texto e a forma de expressar o encarar o destino...
Adorei ler-te.
Um abraço carinhoso e bom fim de semana ;)
Tens razão, começamos ali, pequeninos, agarrando a mão que se nos oferece.
Mas ao longo da vida há sempre alguém que nos escuta e nos encontra.
Como aquelas belíssimas pedras, a malaquite e a outra, do deserto(?).
Que beleza de palavras e foto!
Fascinante como tu pegas em duas pedras e envolvendo-as nas tuas palavras, nos pões a pensar nas coisas sérias da vida...
Um braço e bom fim-de-semana.
Estou com a Mena... como duas pedras dão palavras sábias...
bjs
mj
Acabei de vir agora do Monumental onde fui ver "There Will Be Blood" (c um extraordinário Daniel Day Lewis) e a violência fascinante que me transmitiu, em q n meio de tanta competição ressaltava o solo (as pedras, o campo, a natureza onde se esconde o petróleo) e o final, magnífico, numa belíssima casa princípios do sec 20 (madeiras quentes, uma mistura ainda com o tiffany style, q tanto apela aos fulvos da madeira)
misturados com morte e com o som incessante/obsecante do concerto para violino em D major de Brahms...
as pedras, a madeira, a música........
bj
Palavras envolventes. Plenas de sabedoria de vida e das interrogações que nos perseguem.
damo-nos. pelas mãos!...
belo.
Um pequeno texto alegórico de dimensões infinitas.
Beijos, prezada amiga!
"somos pedaços de gente por adivinhar"
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