Transparência, opacidade e a sua aparente incompatibilidade.
M
A curva de um silêncio que me fala da natureza das coisas e me faz companhia como um animal de estimação.
(Nem cão nem gato. O meu é pato de história de crianças, oferecido por mãos de meninos num tempo que foi meu e deles.)
Para mim, o silêncio é um corpo que se move no espaço, em diálogo íntimo com os pensamentos e as coisas. Quase que uma dança, qualquer que seja a sua amplitude, onde encontro gestos desenhando curvas e imagens. E onde encontro palavras ditas e ouvidas, minhas e de outros, nessa neblina que as envolve e lhes pertence. Não sendo estático nem linear, porque vivo, o meu silêncio descobre perspectivas e gradações diversas do mundo e entrelaça-as com as memórias que moram dentro de mim. Um caminho mental que percorro, particular e de certo modo solitário, ainda que, por outro lado, acompanhado. É como ter um animal de estimação…
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