quinta-feira, 30 de abril de 2009

97.


Foto de M

História, a palavra fotografada esta semana no Fotodicionário.
Assim a interpretei. Como uma espécie de berço que recebe o corpo e a alma do mundo e onde cada um de nós sonha a vida a partir de si e dos outros. Escrita por todos, com as nossas histórias muito particulares de gestos e afectos a ampararem-nos o prazer de crescer, ou os ódios das negligências a endurecerem-nos o coração, na complexidade que é viver. Lençóis de tonalidades a tecerem a espessura do Tempo imaginado eterno, realidade e fantasia imitando-se na ânsia de ser. Um brincar de mãos e pés pequeninos traçando o futuro de adultos que se desejam felizes na plenitude da sua existência. Ao gosto de cada um, no desenho do pensamento guardado, ou tornado acção pela palavra revelada, na música do inefável, na matéria transfigurada, no amor oferecido à Natureza. Nem todos, bem sabemos, a muitos será negado o direito à candura da alegria e a tristeza inundar-lhes-á os olhos baços de vazios. Outros terão apenas farrapos sombrios a agasalhar-lhes os corpos abandonados ao relento da indiferença. E outros, e outros… Tantas as histórias, tantas as marcas deixadas na brevidade dos caminhos trilhados! Só a História habita eternamente a vida e a morte do tempo que nos cabe.

M

14 comentários:

bettips disse...

A História nunca é uma "Lenga Lenga", quando feita por mãos infantis. Antes um "Cavalo Veloz" que nos obriga a correr de pensamento ao vento.
Tal a magia delas, as crianças e o que nos resta deles, em nós: o brincar.
Com candura.
Tantas as histórias como cada um de nós.
Um beijinho M.
(esses lugares teus são e fazem "histórias")

Luisa disse...

A nossa história "foi escrita por todos", dizes tu. O Eu é tanto a história desses que nos criaram, que nos educaram, que nos amaram, que se pode chegar a pensar que a palavra Eu é imprópria. Deveríamos dizer sempre NÓS.

Benó disse...

Um cesto cheio de histórias. Todas elas, certamente, fizeram a delicia de crianças felizes. Mesmo aquelas que não podem ter o prazer de ouvir uma história também, elas terão muitas histórias para contar quando forem grandes.

Teresa David disse...

Tu não precisas de asas para voar mais alto do que os pombos na tua imaginação fértil e profunda.

Frioleiras disse...

A História (e a Música ),

sim............

Elas é que são "uma maravilha" ....

mena maya disse...

Um pensamento muito profundo sobre esta história a que chamamos vida!

"Só a História habita eternamente a vida e a morte do tempo que nos cabe".

Que grande verdade, Manuela!

Adorei!
Beijinhos

jawaa disse...

Nós fazemos parte da História e ela recebe-nos - como dizes bem - para que possamos tomar parte nela e deixar a marca do que somos, do que contruímos, do que partilhámos.
Bonitas as tuas palavras.
Um abraço

Manuel Veiga disse...

o rumor colorido da história?... não sei. não...

gostei muito de ler. apesar das minhas "reservas".

admirável criatividade. a tua.

beijos

vida de vidro disse...

As histórias e a História. A que fazemos. Todos os dias. Sem nos darmos conta.

Justine disse...

Uma reflexão impregnada de afectos claros, frescos, renascidos, fundos! Como deve ser bom ver crescer um neto, ver refazer-se a História!

Anónimo disse...

A vida que vivemos agora, pertence às crianças deste futuro que já não é nosso. Não só as que nos pertencem mas as que sabemos "tecerem-se na espessura" dum tempo que passou/passa por nós. Quem lhes falará desse "lençol de tonalidades" e afectos?

Um beijo M.
da bettips

Isa Maria disse...

os teus textos são fantásticos.

jinhos meus

Rui Caetano disse...

As histórias e as estórias...

Manuel Veiga disse...

beijo