Foto de M
«…Contam que a mãe acompanhada pelo filho, que nasce logo com quatro ou cinco metros de comprido, é mais fácil de subjugar, chegando o ambaque (baleia preta) a deixar-se matar quando lhe apanham o pequeno: basta feri-lo ao pé do rabo e puxá-lo para o bote. A mãe já não o larga e prefere, se não pode fugir com ele metido debaixo da asa, que a acabem às lançadas. Quer dizer: esta coisa monstruosa e zincada, com óleo na cabeça, não só come e digere, não só dorme e digere – é capaz de ternura e sacrifício.»
Raul Brandão, As Ilhas Desconhecidas – Notas e paisagens, Edição Artes e Letras Açores, Setembro de 2009
(Monumento ao baleeiro no Cais do Pico, Ilha do Pico)
2 comentários:
Maravilhoso texto. E muito contra-corrente na sua época, penso.
A elegância da fotografia,
a rudeza do trabalho,
o instinto ...seja ele o que for, aqui é a "maternidade" dos bichos, explicada como de gente seja.
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