Foto de M
Quando passei, o meu olhar ficou preso no silêncio soalheiro pousado naquele tanque à beira do caminho. Imaginei-a ali, curvada sobre a pedra, a escova apertada na mão num vaivém de zelo contra a sujidade do tapete, o pensamento encharcado em espuma de sabão. Só ao ir-se embora, carregando nos braços o peso das tarefas matinais, a mulher reparou em mim. Ela fica aqui a descansar um pouco. Não me demoro, disse, como se adivinhasse as minhas interrogações.
M
6 comentários:
Em Lisboa ainda há destes tanques camarários.
Lembro-me de um ali à esquina da Rua do Quelhas, mesmo à frente da antiga Emissora Nacional.
Bjs
Como se estivesse a ver a mulher, as suas mãos avermelhadas, o seu sorriso cansado...
Do que nos surpreende,
tarefas de mulheres e escovas de lavar as vidas
como se sujo houvesse
que se pudesse esquecer!
Mais um pormenor do caminho
onde te percorres; e dás.
Bjs M.
da bettips
Vou à procura de algo que devo ter no arquivo ainda desordenado - leva o seu tempo - de um tanque numa aldeia de Sintra.
O texto é muito bonito.
Bom fim de semana, M.
ler os subtis sinais. no (dis) curso da vida. dura.
excelente.
beijos
A escova que descansa no intervalo entre tarefas.
É um post belíssimo.
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