Fotos de A. e M
«…O homem que teve a ideia de bordar as estradas com estas plantas devia ter uma estátua na ilha. Em nenhum outro lugar elas prosperam melhor: querem luz velada, humidade e calor – estão no seu meio. O seu azul é o azul esmaltado dos Açores nos dias límpidos. Nos dias turvos substituem a cor do céu: são o azul desta terra enevoada e uma das suas maiores belezas. Imaginem o cinzento que se derrete e alastra e torna o céu mais escuro, a atmosfera mais húmida, e sob isto o azul cada vez mais azul, as molhadas de flores duma cor cada vez mais intensa e mais fresca. Há-as por toda a parte: nas estradas formando alas e nos campos formando sebes; servindo para dividir os terrenos e de tapagem aos animais pacíficos. Enchem a terra de exuberância e de azul.»
Raul Brandão, As Ilhas Desconhecidas – Notas e paisagens, Edição Artes e Letras, Setembro de 2009
3 comentários:
E que dizer? Se as camélias e as hidrângeas (hortênsias) foram as flores da minha infância? Num jardim, junto a um muro, via-lhes as transformações, s cores e o ladrar do "Leão", no "Palacete".
Quantas vezes, as todas de ir/vir para a escola e liceu, quantas?
Só (apetece)passear
porque as fotos me transportam.
Isso é o que fica destas fotos verdes e azuis: viajar, no tempo e no espaço.
Bj
Tive oportunidade de o testemunhar e é absolutamente magnífico lê-lo tão magnificamente descrito. É essa a qualidade dos Mestres! E, por falar neles, destaque-se a mestria incomparável da Natureza!
Inesquecível esta exuberância de azul e verde. Mestre Brandão sabia e escrevia. Um prazer.
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