quarta-feira, 7 de março de 2012
174.
Foto de M
Era uma vez um edifício muito alto que morava numa cidade à beira-rio. Reparei nele. Sobressaía num bairro de ancestralidades e estilos diferentes do seu pelo que dei comigo a pensar no que teria sentido ao ir pouco a pouco tomando consistência entre a terra e o céu, encaixado naquele espaço de criações outras que não a sua. E imaginei que poderia ter estranhado vizinhança tão diversa, o que o levaria a recolher-se atrás dos pequenos rectângulos marcados no corpo que, à distância do meu olhar, me pareciam janelas fechadas. Mas, tanto quanto me é dado fantasiar, a presumível desconfiança e desajuste iniciais entre os residentes ter-se-á dissipado com a convivência diária. E de tal forma íntima ela se tornou, suponho, que a ampla parede do jovem edifício passou a ser lugar de encontro para o pensamento do olhar.
M
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
6 comentários:
até as arestas mais vivas se amaciam. na subtileza de teu olhar...
beijo
Fico deslumbrado com o reflexo que vejo em edificios "espelhados". Normalmente nem são bonitos. Mas o que se vê, através deles, é maravilhoso.
Em Sintra, no "bloco" do Urbanismo, p. ex. e em Lisboa na Av. da Liberdade.
Assim parece, M. Numa espécie de exercício alocêntrico, o jovem e brilhante edifício opta por respeitosamente reflectir aqueles que o precederam :)
Um abraço e uma boa semana.
Um reflexo reflexivo que nos faz reflectir sobre a vida e seus espelhos. Tantas as coisas de penaer. Bem que somos "um" com duas vidas: a que vivemos e a que pensamos, reflectindo.
Bjinho
da bettips
O espelho tem qualquer coisa de enfeitiçante. É, porventura, a única coisa inventada que é natural. Quem consegue vê-lo sem se ver, quem entende que a sua profundidade consiste, apenas, em ser vazio, então, também lhe consegue perceber o mistério. Que lá está. Talvez, sei lá...
abraço,
jorge
hmmm não se passar o dia ao espelho será coisa boa
Enviar um comentário