Fotos de M
Estava
ali, junto do lagar de azeite da aldeia que conheço desde menina: uma espécie de tríptico num silêncio de abandono que me pareceu de
há muito.
Reparei
primeiro no casaco pendurado no prego, a parede branca, a porta
vermelha fechada. Aproximei-me, como se precisasse de descobrir-lhe a
alma dentro do forro. Ao lado, o chapéu de chuva prendeu-me a
atenção. Desviei o
olhar, emocionada. Porquê? Há quanto tempo naquele lugar de
solidão? Só depois vi a garrafa. Quase encostada ao murete, metade cheia,
metade vazia, a tampa calando-lhe a medida. Que líquido? Vinho? De
quem? Para quem? Porquê este desamparo sem nome?
Não muito distante, a curva do caminho de terra batida.
Terrível este mistério de presença que me tocou naquele dia de verão. Quem seria? Quem foi? Quem é ainda?
Terrível este mistério de presença que me tocou naquele dia de verão. Quem seria? Quem foi? Quem é ainda?
M
6 comentários:
Para lá da curva, o mistério responde a todas as conjecturas. Para cá da curva fica o olhar que vê um arco contínuo entre o passado e o futuro a que parece pertencer o que a imagem deixou presente.
abraço.
De verdadeiro, só a proibição de cães e cigarros...
O resto, conjecturas do tempo que abandonou o local, com o espaço da pessoa que foi. Sim, que qualquer pessoa ocupa um espaço único.
Pessoa de quem temos pistas, de vestuário, de gosto pelo vinho, que choveu e ventou.
A.Christie descobriria um caminho simples que nada se coaduna com a curva interrogativa, de ti, do caminho.
Bjs da bettips
seja quem for, deste-lhe vida!...
beijo
Há um manto de abandono nas tuas 3 fotos; há uma tristeza que se desprende delas; há o teu texto que nos aponta outros caminhos: as perguntas podem também ser respostas...
cara m., há algum tempo que não passava por aqui.
mas hoje saboreio de novo estas tuas reflexões.e gostei tanto da forma como,através da tua escrita, essas presenças como que cantam baixinho,tristemente, dentro de nós.
abraço grande.
são apenas amostras de desleixo ;)
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