Foto de M
Um
livro com uma capa lindíssima, não é, Meu Pássaro? Julgo perceber
o teu interesse por ele. De certeza que reconheceste alguma
semelhança com paisagens onde esvoaçam penachos
brancos que se soltam dos dentes-de-leão pelo sopro do vento e nos
encantam pela leveza.
Este
dicionário pertenceu à minha Tia Chanel. Curiosa como era, usava-o
constantemente, em busca de resposta para as suas dúvidas sobre os
significados das palavras. Bem me lembro de a ver manusear as páginas
com muito cuidado e de me mostrar as gravuras que, nalguns casos,
identificam as palavras e as complementam, outras vezes apenas pelo
gosto de observar os seus traços finos e minuciosos. E também não
esqueço que nem ela nem os meus Pais me poupavam quando eu, por
preguiça, aliás frequente nas crianças nos primeiros anos de
escolaridade, tentava obter junto deles o sentido de determinada
palavra ou frase. A resposta era invariavelmente: Procura
no dicionário. Não
este, claro,
só
aprendi francês no liceu,
uma
língua lindíssima que me toca em particular.
Não
sei se foi por causa do hábito, se algum gene herdado, se a frase da
Librairie Larousse na edição de 1931 Je
sème à tout vent,
ou tudo isso junto, que tenho a mania de me apoiar em dicionários
para tentar exprimir o melhor possível o meu pensamento. Ainda por
cima o acesso à Internet veio agravar esta minha doença crónica.
Que diria a minha Tia Chanel se fosse viva? Ela que, tendo nascido em
1894 e morrido em 1988, costumava dizer com alguma ironia Nasci
no século passado.
M
2 comentários:
O Dicionário parece ser realmente um livro muito bonito. E está estimado.
Também me apoio muito no dicionário. Tenho-o sempre à mão, até porque , eu que nunca dei erros ortográficos, agora dou comigo a duvidar na escrita de algumas palavras - o acordo ortográfico trouxe-me esta confusão, porque na escola, com os miúdos, tenho que escrever de acordo com o acordo (!) , mas de resto, escrevo sempre na grafia antiga.
A tua tia Chanel devia ser uma pessoa interessante e chegou a uma bela idade!
Beijinhos:)
A minha cabeça, de tão rodada que é, fica à roda com esse passarito e de como fala das coisas à volta.
Os livros, companhia de tantas viagens e vidas, fazem-me crescer água na boca. O velho dicionário e a tia de mil ideias, trejeitos, de nome esquisito (e bonito) fazem-me lembrar que "quando não tinha que ler, lia o Dicionário"!.
E, uma vez, não soube o significado de uma palavra, na aula de Português, no 2º ano do Liceu: "incomensurável". Mas como sabia tantas coisas outras, tive um prémio da professora: "Lâmpada que não se apaga" de Mme Curie.
Quanto ao Francês, que se enrola nas nossas músicas como música: il faut l'entendre avec le coeur pour l'aimer.
Bjs
B
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