Foto de M
Dois
livros, um legado de letras e afectos na minha vida. Le
Petit Chose,
um livro especial, a força e a beleza do título inscritas nele, com
ilustrações que desde criança me encantavam. Foi-me dado pela
minha Tia Chanel em 1957, a dedicatória manuscrita a tinta
permanente azul na página de rosto: Maria Manuela - Natal 1957. Mais
acima, a lápis, o seu nome e a data 5 de Outubro de 1909 a marcar o
dia em que fazia 15 anos. Quando mo ofereceu, tinha eu 16 anos.
Curiosa a semelhança das idades de ambas, escolha certamente
intencional, pelo gosto de partilhar uma obra que apreciava e o
desejo de que as emoções sentidas na sua adolescência se
prolongassem em mim. O facto de ser escrito em língua francesa não
foi impedimento para eu o ler. No liceu do meu tempo, além do ensino
de francês fazer parte do currículo obrigatório durante pelo menos
cinco anos, a reconhecida competência, e exigência, da minha
professora preparou-me para a leitura deste livro e de outros.
Conservei-o durante anos, folheando-o de vez em quando com muito
cuidado para evitar a sua degradação, e um dia considerei mais
avisado mandar encaderná-lo, mantendo contudo a capa mole original.
Sobre o outro, Cendrillon, não tenho memória do momento em que o recebi de presente, talvez alguns anos antes do Le Petit Chose. Deste recordo a compaixão que sentia pela vida da Gata Borralheira e o meu fascínio pela imagem daquela rapariga do vestido azul que me levava a sonhar com príncipes e princesas.
Tão diferentes os dois livros e no entanto...
Sobre o outro, Cendrillon, não tenho memória do momento em que o recebi de presente, talvez alguns anos antes do Le Petit Chose. Deste recordo a compaixão que sentia pela vida da Gata Borralheira e o meu fascínio pela imagem daquela rapariga do vestido azul que me levava a sonhar com príncipes e princesas.
Tão diferentes os dois livros e no entanto...
M
«Ce
qui me frappa d'abord, à mon arrivée au collège, c'est que j'étais
le seul avec une blouse. A Lyon, les fils de riches ne portent pas de
blouses; il n'y a que les enfants de la rue, les gones
comme on dit. Moi, j'en avais une, une petite blouse à carreaux qui
datait de la fabrique; j'avais une blouse, j'avais l'air d'un
gone...Quand j'entrai dans la classe, les élèves ricanèrent. On
disait: «Tiens! Il a une blouse!» Le professeur fit la grimace et
tout de suite me prit en aversion. Depuis lors, quand il me parla, ce
fut toujours du bout des lèvres, d'un air méprisant. Jamais il ne
m'appela par mon nom; il disait toujours: «Eh! Vous, là-bas, le
petit Chose!» Je lui avais dit pourtant plus de vingt fois que je
m'appelais Daniel Eys-set-te... A la fin, mes camarades me
surnommèrent «le petit Chose» et le surnom me resta...»
Le
Petit Chose,
Alphonse Daudet, Illustration de J. Wely, Collection Illustrée
Pierre Lafitte & Cie, 90, Avenue des Champs-Élysées, Paris,
1909.
3 comentários:
Tão bonitos, ambos os livros!
Também gosto de voltar de vez em quando aos livros que tenho, e que mais gosto, da infância e adolescência.
Hás-de falar da tua tia Chanel, que devia ser uma pessoa interessante:)
Beijinhos e bom feriado:)
Tão fundo, tão importante, o papel que os livros tiveram nas nossas gerações! Como, passadas décadas, ainda sentimos alguns deles vivíssimos dentro de nós...
Muito doce, a tua reflexão sobre esses dois exemplares.
tb sou do tempo em q era obrigatório 5 anos de francês mas fui apanhada ao 2.º ano por revoluções e voilá, ao 3.º ano (dita 7ª classe) passei a ter só inglês, dps nunca mais tive turma fixa, é q nem era de inglês nem de francês. mas adiante os 2 anos de francês com a Nicole o Robert e o Patapouf ficaram cá. :D só tu para tratares assim dos livros, Cendrillon!
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