Foto de S. (A revolta)
Uma
Nesga de Azul
Desfaz-se
a revolta em lágrimas que se espalham pelo mundo. Mágoas.
Desajustes. Conflitos. Sofrimento. Enxurradas de desalento e morte.
Interrogo-me. Tento compreender. Compreendo. Não compreendo. Volto a
compreender. Sinto. Não sei se as lágrimas purificam os corações.
Talvez algumas, outras não. Conforme as lágrimas e os corações.
Azul do céu, porque te escondes? Porque nos deixas tão sós ardendo
em labaredas de ódios que se não apagam? Aparece e apazigua a nossa
inquietação. Pega-nos ao colo, mostra-nos nuvens que corram
ligeiras e brancas: queremos escarranchar-nos nelas. Algodão doce de
feira popular. E rir com vontade. Apesar de quem não ri nunca, nem
os seus pais, nem os seus avós. Não podem, o pesadelo das suas
vidas é enorme, não tem fuga no riso. Terá fuga na revolta que se
desfaz em lágrimas? Não sei. Talvez a nesga de azul…
M
(2006)
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