quarta-feira, 30 de setembro de 2020

JARDIM BOTÂNICO TROPICAL DE BELÉM IX

                          Ui, que mau génio parece ter...
              Como veias salientes em corpo velho de gente...

Fotos de M 

Ao lado do sicómoro estava uma árvore da sua família. Talvez lhe possa chamar prima, já que a humanizei ao ver nela longos cabelos despenteados. Imaginados, claro, são raízes aéreas. Como também ela apresentava um cartão com a sua genealogia, não fossem existir confusões, procurei na Wikipédia o que por lá se diria sobre esta família de membros dispersos pelo mundo.

«Ficus macrophylla, vulgarmente conhecida como a figueira-da-Austrália ou figueira-estranguladora, é uma grande e maciça figueira da família Moraceae, que pode atingir mais de 60 metros de altura. O seu largo tronco tem casca áspera e acinzentada. O seu sistema radicular, embora muito escultórico, é bastante agressivo. Tem o hábito de deixar cair raízes aéreas dos seus ramos, que ao atingir o solo, engrossam em troncos complementares que ajudam a suportar o peso da sua coroa. Como o epíteto específico indica, esta árvore perene tem folhas grandes, elípticas, coriáceas, verde-escuras e com 15-30 cm de comprimento, que se dispõem alternadamente nas hastes .Os seus figos têm 2-2,5 cm de diâmetro, mais pequenos que os de uma figueira normal, mudando de verde para roxo à medida que amadurecem. Embora comestíveis, os seus frutos são de gosto desagradável e seco. Esta espécie é nativa das florestas chuvosas da costa leste da Austrália. Neste ambiente cresce mais frequentemente sob a forma de estrangulador do que de árvore. A germinação das suas sementes ocorre geralmente na copa de uma árvore hospedeira. A nova planta emite raízes que após tocarem o solo permitem que se torne autónoma e acabe por estrangular o hospedeiro. Esta figueira é amplamente utilizada como uma árvore ornamental em parques públicos e jardins em climas mais quentes, como na Califórnia, Portugal, Itália e Austrália. Deve ser plantada em locais espaçosos e longe de pavimentos ou muros, pois as suas raízes são extremamente agressivas. Um dos mais famosos exemplares encontra-se junto a uma das entradas do Jardim Botânico de Coimbra, cidade onde existe ainda outra Ficus macrophylla bastante reconhecida, localizada na Quinta das Lágrimas.»

M

 https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficus_macrophylla

JARDIM BOTÂNICO TROPICAL DE BELÉM VIII

                           De braços abertos, lindíssima.
Fotos de M

Entre as muitas árvores de grande porte que existem neste jardim, fotografei uma que me chamou a atenção pela sua beleza e originalidade. Não a conhecia. Procurei na internet e fiquei a saber que a «Ficus sycomorus L., conhecida pelos nomes comuns de sicómoro, sicômoro ou figueira-doida, é uma espécie de figueira de raízes profundas e ramos fortes que produz figos de qualidade inferior, cultivada no Médio Oriente e em partes da África há milénios. A árvore é por diversas vezes citada na Bíblia, tendo o seu nome vulgar na maioria das línguas europeias derivado do hebraico "shikmah" através do grego "sukomorea".»

E, procurando na Bíblia (*), encontrei realmente várias citações. Entre elas, o conhecido episódio de Zaqueu, descrito no Novo Testamento por São Lucas, 19, 1,2,3,4: «Tendo entrado em Jericó, Jesus atravessava a cidade. Vivia ali um homem rico, chamado Zaqueu, que era chefe de publicanos. Procurava ver Jesus e não podia por causa da multidão, por ser de pequena estatura. Correndo à frente, subiu a um sicómoro para o ver, porque ele devia passar por ali.»

No Antigo Testamento, escolho este do Primeiro Livro dos Reis 10, 27, que acho muito bonito e adequado por me encontrar no jardim: «E fez que em Jerusalém a prata fosse tão comum como as pedras, e os cedros tão numerosos como os sicômoros que nascem nos campos.» 

(*) Bíblia Sagrada, Versão dos textos Originais, 8ª Edição – 1978, Difusora Bíblica (Missionários Capuchinhos)

M

JARDIM BOTÂNICO TROPICAL DE BELÉM VII

Fotos de M 

Não sei se os pequenos pavões teriam ido à antiga casa de família do outro lado da rua e estariam de regresso para o almoço ao ar livre. Andavam por ali e achei ternurenta a ligação com a mãe, que me pareceu lhes metia sementinhas no bico e os protegia quando me aproximava. Ainda equacionei pôr-me de cócoras para os fotografar melhor, mas mãe e filhos afastavam-se sempre e não quis confrontar-me com o conhecido instinto maternal das pavoas com as suas ninhadas.

M