quinta-feira, 29 de abril de 2021

BELEZA MACIA

Foto de M
 
Ir a um museu tem sido coisa difícil de conseguir nos tempos que correm, o coronavírus é inimigo desse prazer, está sempre à espreita e não nos deixa fazer planos. Um vírus execrável que entra à socapa dentro de nós e nos corrói, excepto a memória de idas a museus. Sento-me por isso pensativa a apreciar uma vez mais esta escultura de António Teixeira Lopes que fotografei em 2015 numa visita ao Museu Nacional Soares dos Reis. Talvez, quem sabe, possa voltar ao Porto e deixar-me embeber de novo na sua beleza macia.

M

quinta-feira, 22 de abril de 2021

ANDAR A PÉ NA CIDADE

Foto de M 
  
Andar a pé na cidade e observar a paisagem citadina no seu sentido abrangente é actividade que me dá prazer. Contudo, surgem por vezes alguns contratempos que me atrapalham o passo, directa ou indirectamente. Conflitos de interesses das sociedades modernas em que o automóvel é rei e os peões são impedidos de caminhar nos passeios, sair de suas casas ou nelas entrar sempre que desejem. Neste caso, imperou o sentido de humor dos moradores para tentar resolver o incómodo que lhes bateu à porta e evitar chamar a Polícia. Pelo que ouso concluir que talvez este método seja uma estratégia pacífica e eficaz a usar no tabuleiro de xadrez da complexa vida moderna urbana.

M

quinta-feira, 8 de abril de 2021

PAISAGENS HUMANAS

  Foto de M

Desde que acompanhada por pessoas de quem gosto, tanto aprecio uma ida ao restaurante como um piquenique no campo, uma esplanada simpática, ou nem sair da minha casa, onde os encontros e as refeições são mais íntimos. Ir a casa dos amigos agrada-me também. Lembro, por exemplo, os jantares em casa de um amigo meu de que sinto falta, a pandemia meteu-se em todo o lado a atrapalhar a vida das pessoas. Ali tudo é original, a começar por ele, pela cozinha de cariz artesanal com certos equipamentos construídos ou adaptados pelas suas mãos inventivas para os tornar mais eficazes, os petiscos que nos oferece, os temperos usados, a mesa posta com simplicidade, a conversa provocadora entre os convivas - e tão diferentes somos todos -, os risos, os objectos antigos de família de que se rodeia. Tenho saudades deste conjunto de elementos, constituem o ambiente de uma das minhas paisagens humanas em que me sinto bem.

M

sábado, 3 de abril de 2021

PÁSCOA DE 2021 EM FAMÍLIA RESTRITA (DE CHOCOLATE)

Vestiu-se de amarelo o ovo de chocolate e visitou os seus primos tristemente confinados no quarto mais frio da casa.

 


Satisfazendo a sua curiosidade entre livros, ali se refugiou o ovo vestido de verde com um coelho sentado na relva a fazer um piquenique.

 

Escondeu-se o coelho envergonhado dentro da gaveta da mesa pequena da sala.

 


A irmã coelha vestida de cor de rosa preferiu espreitar o armário dos objectos antigos e por lá ficou toda contente a descobrir antiguidades.

 


A galinha branca gosta muito de música e de cantar, por isso escolheu ficar junto dos CDs, enquanto a sua irmã gémea foi visitar a amiga amarela que vive numa estante cheia de objectos. Acha graça a vê-la abrir as asas quando põe 5 ovos pequeninos: 4 brancos e 1 amarelo! 

 

Texto e fotografias de M

sexta-feira, 2 de abril de 2021

PASSEAR AO AR LIVRE

Foto de M
 
Passear ao ar livre tem sido liberdade vedada já lá vão alguns meses excepto, entre intermitências, permitir os chamados passeios higiénicos. Esses tenho eu cumprido para desenferrujar as pernas e arejar a mente, mas confesso que passear com boca e nariz tapados à força reduz o prazer de os fazer e corta a respiração que nas coisas belas da vida costumo sentir. Nas minhas curtas deambulações, entre árvores e flores, chamou-me a atenção o Olá que encontrei pintado em porta fechada de jardim aberto. Mudo, claro, o que se compreende perante a falta de gente em verdadeiros passeios ao ar livre de outros dias que eram nossos e deixaram de ser. Achei-lhe graça, é um aceno a quem passeia a sua solidão e um incentivo para se imaginar num futuro acompanhado a saborear um gelado à beira do lago.

M