Fotos de M
Gosto muito dos três compositores mostrados na fotografia acima, mas hoje escolho falar de José Mário Branco, talvez por causa do título do CD, lançado em 2004, em homenagem ao povo timorense pela sua resistência à ocupação pela Indonésia após o 25 de abril. Não importa a quem foi particularmente dedicado, importa o pensamento universal nele contido: Resistir é Vencer. José Mário Branco era sem dúvida uma presença, talvez um pouco austera a expressão do seu rosto. Requintada a sua música, de certo modo misteriosas as letras das suas composições, exigentes, sugerindo-nos o entendimento para lá do imediato. Assim o senti no que conheci da sua obra e foi pouco, sou apenas uma vulgar ouvinte. Assisti uma vez a um concerto seu no grande auditório da Culturgest, uma sala magnífica e igualmente simples, cujas dimensões, sonoridade, madeiras e o vermelho macio das cadeiras aconchegam corpo e alma. Tantas vezes assisti ali a espectáculos originais, diferentes de tudo. Foi um tempo que passou a estar apenas na minha memória. Que saudades! (Às vezes canso-me de tantas saudades. Por que razão me lembrei agora da canção La Solitude cantada por Barbara no vídeo Brel, Barbara, Une choréographie de Maurice Béjart? Linda de morrer.)
Do disco Resistir é Vencer encantam-me de imediato os versos iniciais da primeira faixa com o título Nem Deus nem Senhor:
A luz é tão cega
Que nunca se entrega
Só se deixa ver
Numa razão de ser
Sem sequer entender
Os olhos que a vão receber
(…)
M