Fotos de M
Uma pequena capela centenária. Família e amigos ali reunidos para a celebração de um baptizado. Adultos e crianças sentados nos bancos corridos de madeira escura, olhando-se uns aos outros, passeando a curiosidade pelas paredes e tectos de pedra à espera do padre. Ei-lo que chega! Pais e padrinhos do menino a baptizar juntam-se-lhe na mesa do altar. Felizes em redor do seu menino, participantes activos nos rituais desta iniciação cristã. Entre leituras de textos e explicações alargadas, dirigiu-se o padre a todos os presentes, esquecendo-se que as crianças (apenas elas?) têm o seu tempo de escuta e de entendimento de palavras ouvidas, porventura algumas desajustadas também ao momento e a quem se dirigia. Eu observava a menina. De início parecia compenetrada do papel a desempenhar, mas a certa altura apercebi-me nela de uma certa incapacidade para permanecer quieta. Tinha-se levantado e procurado um banco isolado, subindo-o e descendo-o várias vezes, acabando por tirar os sapatos, deixá-los no chão e sentar-se. De repente levantou-se e, em bicos dos pés descalços, acercou-se do grupo junto do altar e esticou o braço para tocar ao de leve com a sua mão pequenina na casula do padre. Não sei se queria confirmar que brilho era aquele. Suponho que sim. Era habitual nela tocar nas coisas com mãos fugidias para as ver e sentir de perto, quase um tímido tocar sem tocar. Ou seria para lhe dizer: Estou aqui e já não aguento mais ouvi-lo. Ah como a compreendi!
M
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