Foto de M
Gosto de
postigos em portas exteriores, dão-lhes uma certa leveza e graciosidade. Reparei
neste numa rua em Moura. Ao vê-lo entreaberto, confesso que me apeteceu espreitá-lo
mas, por respeito para com os moradores, que nem sequer sei quem seriam, fotografei-o
discretamente de esguelha e continuei o meu caminho.
M
Foto de M
Este postigo,
pelo contrário, estava encerrado. Não soube quem resguardava por detrás dele. Encontrei-o
na estação de comboios de Sintra. Um posto de venda de bilhetes. Eventualmente
na hora de almoço do funcionário ou funcionária. Ou não seria ainda hora de
abertura ao público. Apesar de tão mal sentado na ponta da pedra pintada nos
azulejos da parede, coitado, chamou-me particular atenção a expressão feliz do menino
angelical com duas flores na mão. Não faço ideia se as apanhou perto dali, no
Parque da Liberdade, e foi punido pela ousadia e para sempre tornado estático
pelas mãos do artista contratado para a obra. Seja como for, se a sua intenção
tiver sido colher um raminho de flores para oferecer a alguém, o seu gesto
ficou registado per saecula saeculorum. E será sem dúvida inspirador
para quem por ali passar.
M