domingo, 9 de março de 2025

Postigos

Foto de M 

Gosto de postigos em portas exteriores, dão-lhes uma certa leveza e graciosidade. Reparei neste numa rua em Moura. Ao vê-lo entreaberto, confesso que me apeteceu espreitá-lo mas, por respeito para com os moradores, que nem sequer sei quem seriam, fotografei-o discretamente de esguelha e continuei o meu caminho.

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Foto de M

Este postigo, pelo contrário, estava encerrado. Não soube quem resguardava por detrás dele. Encontrei-o na estação de comboios de Sintra. Um posto de venda de bilhetes. Eventualmente na hora de almoço do funcionário ou funcionária. Ou não seria ainda hora de abertura ao público. Apesar de tão mal sentado na ponta da pedra pintada nos azulejos da parede, coitado, chamou-me particular atenção a expressão feliz do menino angelical com duas flores na mão. Não faço ideia se as apanhou perto dali, no Parque da Liberdade, e foi punido pela ousadia e para sempre tornado estático pelas mãos do artista contratado para a obra. Seja como for, se a sua intenção tiver sido colher um raminho de flores para oferecer a alguém, o seu gesto ficou registado per saecula saeculorum. E será sem dúvida inspirador para quem por ali passar.

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