Fotos de M em 2015
Fotos de S (3ª e 5ª)
A Segunda Guerra Mundial é um assunto que me interessa em particular por ter acontecido numa época muito próxima da minha. O livro Uma Noite em Lisboa é especial. Pelo que conta e como conta. Só alguém com grande sensibilidade, vivendo na pele a perseguição e fuga durante anos, é capaz de escrever sobre a condição humana como Erich Maria Remarque o faz. Passando-se a história em Lisboa, pareceu-me interessante associar-lhe as cinco fotografias acima, independentemente do ano em que foram tiradas. Os acontecimentos trágicos ficam incrustados na memória universal onde encontramos imagens às quais ligamos outras imagens e reflexões. A Praça do Comércio seria lugar de encontro de refugiados chegados de comboio à Estação do Rossio, não longe dali. Com o rio Tejo à beira das suas vidas, o olhar angustiado pousado nele, presumo que subiriam e desceriam vezes sem conta as escadarias de repartições onde tinham esperança de conseguir passaportes e vistos de saída para a América. A segunda fotografia, essa mais sombria, mostra a Avenida da Índia em 1978. Em 1942, foram outros os automóveis que transportaram as famílias abastadas fugindo da loucura nazi a caminho do Hotel Palácio Estoril. Se os carris da fotografia são os mesmos ou se tinha sido necessário substituí-los por causa do desgaste natural, desconheço. Mas isso não importa para o caso. Sobre eles não deslizaram vagões atulhados de gente levada para campos de concentração. As carruagens dos comboios da Linha de Lisboa-Cascais tinham janelas, assentos e esperança de liberdade para quem neles viajou.
M
(*) A minha resposta ao desafio proposto pela Bettips no PPP
1 comentário:
A I Guerra Mundial é menos "fotogénica", if I may say so... Gazeados e estropiados, na lama das trincheiras, também lá esteve gente da nossa família. Tenho sempre interesse em ler ou ver obras da II Guerra. Acho que to devo ter dito, penso sempre as mesmas coisas: milhões de pessoas, milhões de histórias, famílias, pessoas sem futuro, e tanto por contar! As fotos e as palavras falam da esperança que muitos teriam; as de S. são particulares, essas objectivas despojadas e cinzentas, esses infinitos ou proximidades. Ficou muito especial esta entrada tua.
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