sexta-feira, 20 de março de 2009
94.
Foto de M
Ainda o Jean Jacques.
Encostado ao frio branco da parede, entretém-se a enroscar e a desenroscar o pensamento entre estruturas e parafusos a lembrar um esqueleto de corpo humano a que não falta também o esboço de um colo. Ri-se, o coelho, acha graça a imaginar colos em cavaletes de madeira enquanto o seu olhar passeia pelo atelier. E é no meio desta bricolage mental em que ocupa o tempo de espera que repara na mola de cabelo, agarrada com unhas e dentes a uma tábua-parapeito, em aparente desacerto entre a sua própria natureza e o lugar. Recorda-se de a ter visto na cabeça da amiga (presume que a agarrar-lhe também as ideias irrequietas). Agora o momento é outro, bem sabe, e é este que ela segura, ou nele se segura, talvez as duas coisas. Não acha estranho, está habituado a que a presença da pintora arraste consigo um torvelinho de gestos em permanente dança de engenho e estética. Mas Jean Jacques é paciente e aguarda o instante em que ela olhará para ele com ternura e lhe levantará uma das orelhas para lhe dizer um segredo.
M
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9 comentários:
gostei......................
gostei mt!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
bj......
O artifício do pormenor, para prender o tempo e obrigá-lo a parar.
E Jean-Jacques, sábio ouvinte, espera o gesto de ternura. Esperará sempre.
Eu gostava de ter um Jean-Jacques...
A companhia que "as coisas" e os objectos nos podem fazer! As tuas palavras-espirais.
Gosto do teu coelho e olha que não sou grande aficcionado desses bicharocos. Mas este é cor-de-rosa e tem ar de filósofo, oh se tem!
Bom, ter um amigo assim!
Obrigado por gostares de mim.
Piquei
Fui......!
Tia M. pde ao coelhinho se quer brincar com o Tolilinho.
Chuac!
... de acordo com a Bettips e acrescentar: dialogar com elas/eles (as "coisas" e os objectos) torná-los/as personagens de histórias por fazer, enfim, valorizá-los. E tu fazes isso de um modo muito apelativo e naturalmente que gosto.
fiquei agarrado. no pormenor. e nas ideias irrequietas...
pura magia.
gosto da imagem :D
Tão ternurento o Jean Jacques. Enroscando e desenroscando argumentos, pretendendo afinal o momento apoteótico em que a pintora lhe dará colo. Por momentos, até rocei o pulsar do peluche deste coelho.
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