quinta-feira, 28 de maio de 2009
99.
Foto de M
Consciência.
Encontrei-a assim em casa de amigos e gostei do que vi. Não, desta vez não meto a mão na consciência, ponho-a na máquina fotográfica, que a lente que ela tem oscila entre o detalhe e o todo conforme a perspectiva a reter. Isso agrada-me, sabem, deve ajudar a chegar ao tal sentimento de si mesmo de que falam os entendidos nestas matérias. E agora? Agora, ao espreitar através do visor, fiquei com a ideia, ou com a intuição, sei lá, de que não se tem um conhecimento imediato da própria actividade psíquica. O dicionário diz que sim, mas eu não acredito. Com tantos reflexos e texturas tão diversas de sombras e bordados Richelieu, mais as flores na fragilidade do vidro, e apesar delas, parece-me tarefa morosa a desenvolver em anos a fio. E estética, penso eu, embora o dicionário não atribua esse significado a Consciência no compartimento que lhe cabe na página. A não ser que seja ética o que lá está escrito. Não sei, nem fico com escrúpulo algum por a minha máquina fotográfica só me dar esta impressão da palavra. Talvez seja então aconselhável guardá-la no estojo, sentar-me à mesa sem pressas, e reflectir um pouco mais.
M
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11 comentários:
Pois é, Manuela, interessante a imagem e o objecto que fixaste aqui, sem que se consiga distinguir bem do que se trata. É neste sentido que vejo contigo a ideia de consciência, não tanto porque «não se tem um conhecimento imediato da própria actividade psíquica».
A consciência que temos de nós, depende também de condições exógenas, mas que temos a percepção da nossa actividade psíquica, em momentos determinados, eu considero que sim.
É só fazer o que te propões: sentar, sem pressas, e reflectir.
Um beijinho
Melhor explicação seria impossível, mas será que conseguimos ter uma relação consciência de tudo? O nosso cérebro funciona só 10% segundo dizem os cientistas pelo que temos 90% de explorações interiores e exteriores a fazer!
Um excelente retrato da consciência, Manuela!
Uma consciência nobre a tua!
Beijinho
Estou de acordo com a tua reflexão, também acho que a consciência é um processo, uma aprendizagem racional, ética e estética. Que nunca está terminado.
A "consciência de ti" dá para nos apercebermos de todo o belo reflexo dum olhar meditativo. Da perspectiva da máquina. Da perspectiva da estética do pensamento. Da perspectiva da vida.
Bj
gostei da imagem per si. vim atrás dela, ver q coisa t estranha era. mas n gostei dos detalhes dos bordados e afins. será isso a "tomada" de consciência?
e aqui continua a nave espacial :D
gostei do texto. muito...
mas confesso que a "consciência" a encontro em locais públicos. plenos...
beijo
Tomara que venha o 100º...
De pormenores belos estamos precisados(as).
Bj
Não sei, mas a verdade é que me lembrei do Ney; mais exactamente da Rosa de Hiroshima...
abraços!
www.tintapermanente.com
Nem sempre fácil o processo da tomada de consciência do eu, no eu que busca o porquê, a origem da essência no todo da imagem.
E sento-me à mesa.
:)
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