domingo, 20 de março de 2011

130.


Foto de M

Tão sozinha me pareceu na distância do meu olhar de peregrina por caminhos desconhecidos. Negras as vestes sobre o seu corpo de mulher, como estátua a vi, esculpida por artesão de um lugar de silêncios. Vértice de ecos antigos, perdidos alguns, resguardados outros na dureza da pedra ou no encantamento da memória, dispersando-se ainda outros na voragem dos dias por preencher. Naquele ermo pardacento, apenas o vermelho da caixa de correio pendurada na ombreira de uma porta fechada. Como coração que se recusa a morrer dentro de vida amortalhada.

M

7 comentários:

frioleiras disse...

Que beleza..............


(um abraço, M. )

Justine disse...

Uma foto despojada que ganha calor e se humaniza através as tuas palavras!

R. disse...

E se bem o viste, melhor o captaste, com imagens feitas de cor e de palavras.
Um abraço.

PS: Há um agradecimento que te é dirigido aqui: http://unputdownable-books.blogspot.com/
:)

Manuel Veiga disse...

como o pulsar da esperança - o coração vermelho.

belíssimo.

beijo

Licínia Quitério disse...

Belo texto para uma paisagem desolada por desumanizada. O apontamento vermelho é um must como tu sabes fazer.

Anónimo disse...

Caminhos peregrinos
(de uma forma ou de outra os fazemos - a cor pode ser dada por um sorriso, uma criança, uma árvore, um livro)
Uma foto de meios sons e tons - infinitamente.
Bjs da bettips

Mónica disse...

a caixa do correio vermelha coração q se recusa morrer é a melhor frase para uma campanha publicitaria dos ctt, genial