segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

O Prazer de Viajar - 43






Fotos de M

O tempo que viaja nos nossos olhos tem particularidades curiosas. Quando, há cerca de dois anos, tirei esta fotografia à estátua do Infante D. Henrique, foi porque gostei dela, claro. Chamou-me a atenção a brancura calcária sentada sobre a dureza negra do pedestal de basalto, a perfeição do trabalho. Agora, ao revê-la, sinto-a de outro modo. É como se ali estivesse um homem de carne e osso, a descansar numa vulgar pedra encontrada no caminho, o gesto da mão sob o queixo a escorar o pensamento em travessias para lá do mundo pequeno, as veias à flor da pele a agarrar os azuis de céus e mares. Tão diferente da figura distante de vestes imponentes que sempre encontrei nos quadros a óleo dos museus e que de certo modo me impediam de imaginá-lo como um ser real.
Pena é que alguém, talvez muito zangado, lhe tenha maltratado o nariz. Mas quem sabe, não será também isso que acentuará o traço humano que me atrai nesta estátua belíssima.
M

(Informação retirada da net: Estátua do Infante D. Henrique, de José Simões de Almeida (sobrinho) (1880-1950), inaugurada em 1932, para comemorar os 500 anos da chegada dos portugueses ao Arquipélago dos Açores, mais precisamente a Santa Maria e a São Miguel, em 1432. O monumento situa-se sobranceiro ao Porto de Vila Franca do Campo na Ilha de São Miguel.)

2 comentários:

Anónimo disse...

Também nunca tinha visto um Infante D. Henrique tão...humano e apenas preocupado com o rumo do mar e dos seus pansamentos!
Gosto.
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Licínia Quitério disse...

É isso mesmo. Quase um menino a pensar para além do seu mundo.