Foto de M
Debalde foi ali pousado o balde em descanso temporário, pensado como sendo de bom préstimo para quem regasse a horta ou arrecadar nele os legumes colhidos pela manhã. Mas qualquer coisa deve ter corrido mal. Alguma embirração com o seu aspecto antiquado e enferrujado, ou preferência por balde de plástico garrido comprado na feira mensal, talvez uma represália, e vá lá saber-se o motivo, nas aldeias é comum sobreporem-se as vindictas à natureza pura da terra. Em vez do estado de provisória quietude na beira do tanque, passou o balde ao estado de abandono vitalício, ainda por cima taparam-lhe a boca, nem gritar ele pode, coitado. Suplício supremo, penso eu, quase o de Tântalo.
M
4 comentários:
talvez algum coleccionador de raridades o recolha, como vestígio de um tempo, sem tempo, em que os deuses habitavam as coisas singelas!...
beijo
Mais uma belíssima foto, e mais uma divertida humanização de um objecto simpático e útil!!
Gosto das considerações que vai tecendo e, por fim, nos metendo em suas malhas...
Quem sabe, o dono do balde, apenas, tão desgastado quanto ele, até sofra o suplício de Tântalo, por o saber ali tão perto e não poder fazer o uso que dele fazia, ou talvez tenha partido, de vez, para lugar onde os baldes enferrujados, ou de plástico, já não têm serventia.
bj
E permanece, imóvel, talvez intocado.
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