domingo, 13 de dezembro de 2020

DENTRO E FORA - BERLIM - EU E STIG DAGERMAN

 «(…) Berlim tem os seus campanários amputados e a sua inumerável série de palácios governamentais em ruínas, cujas colunas prussianas, decapitadas, repousam pelos passeios os seus gregos perfis. (…)», diz Stig Dagerman no seu livro Outono Alemão. (Antígona, Agosto 2020)

A Kaiser-Wilhelm-Gedächtnis-Kirche, também conhecida por Gedächtnis-Kirche (Igreja da Memória em português)

Vi-a primeiro de longe, quando, em Agosto de 2010, subia a pé a avenida Kurfürstendamm. Impressionante a presença daquela torre da Gedächtniskirche, sobrevivente dos bombardeamentos dos aliados sobre a cidade. Impressionante a sua presença no céu azul, o mesmo que durante a Segunda Guerra Mundial foi atravessado por inúmeros aviões bombardeiros. Finda a guerra e depois de retiradas as ruínas da Kaiser-Wilhelm-Gedächtnis-Kirche, permaneceu de pé apenas esta torre da fachada principal em cuja base se situa o Salão Memorial que documenta a história da igreja e contém mosaicos originais e relevos de mármore. A igreja foi mandada construir entre os anos 1891 e 1895 pelo Imperador Guilherme II em homenagem ao seu avô Imperador Guilherme I, tendo sido projectada pelo arquitecto Franz Heinrich Schwechten, um dos mais famosos arquitectos alemães da época Wilhelmine.

https://en.wikipedia.org/wiki/Franz_Heinrich_Schwechten

Fotos de M

terça-feira, 8 de dezembro de 2020

DENTRO E FORA - LIGAÇÕES - O ESCRITOR STIG DAGERMAN E EU

Foto de M

Outono Alemão é um livro belíssimo de Stig Dagerman que acabei de ler. Belíssimo e pungente no que o olhar e as palavras de alguém podem conter sobre o sofrimento humano. Stig Dagerman tinha essa capacidade de sentir e revela-a também nesta reportagem clarividente e empática sobre uma Alemanha em ruínas. Encomendada em 1946 pelo jornal sueco Expressen, foi publicada em 1947. Tinha eu 6 anos. Em Lisboa, protegida pela família, longe das bombas destruidoras de vidas e casas, longe da fome e do desespero, longe da morte, contudo vivendo num século que também me pertenceu e deixou marcas. E talvez por isso tenha uma imensa curiosidade em entender melhor o que foi este tempo ao lado do meu, ainda que a quilómetros de distância de mim, porque o ao lado pode não ter, nem precisar, de medidas exactas para existir. A proximidade e a distância permanentemente na nossa vida. Visitei Berlim em 2010, um desejo de sempre. Apetece-me agora revisitá-la e rever as fotografias que então tirei, desta vez com as palavras de Stig Dagerman como companhia dentro de mim.

M

(Outono Alemão, Stig Dagerman, Antígona, 3ª edição Agosto 2020)