quinta-feira, 25 de março de 2021

INTERROGANDO-ME

Foto de M 
 
Serão as obras de Miró a expressão da plenitude do pensamento da infância? Pensamento íntimo, indecifrável por vezes porque em permanente movimento de entendimento de si, observação, busca de explicação do Universo, experimentação no que ela tem de traço de mão firme ou de mancha. Assim acontece com as crianças através das livres expressões do pensamento em desenvolvimento que me encantam pela simplicidade e beleza. Com Miró o processo terá sido semelhante, levando a sua criatividade crescente e por vezes enigmática a atingir a plenitude na idade adulta. A nenhum dos casos aplico o significado de doidice, isso seria desculpar-me de forma ligeira sobre o que eventualmente não serei capaz de compreender no modo como cada pessoa revela o seu mundo interior.

M

quinta-feira, 18 de março de 2021

AS CORES DA JUVENTUDE

Foto de M
 
Gosto muito das pinturas de Amadeo de Souza-Cardoso. Gosto das cores, gosto da espécie de mistério por desvendar que sinto nalguns quadros. Apetece-me abrir caminho entre a exuberância de tons, tocar ao de leve na letra solta, na palavra incompleta por cima da janela, experimentar o som da corda do violino, tantas coisas para descobrir, e esconder-me lá dentro enrolada na minha comoção. Tão breve foi a juventude na sua vida.

M

sábado, 13 de março de 2021

PONTES

O espanto pode ser um estado permanente que acompanha a vida de algumas pessoas, felizes, diria eu, por terem essa companhia que não as deixará morrer de tédio. Penso que Pablo Picasso terá sido uma dessas pessoas e Paris terá contribuído para isso. Sei que visitou a cidade uma primeira vez e logo se apaixonou por ela. Conhecida como centro efervescente de artistas, pintores, escultores, escritores, músicos, pensadores de todo o mundo, sentiu nela a oportunidade de tomar contacto com novos horizontes. 

Do que julgo saber sobre a vida e obra deste homem talentoso, encontro nesta fotografia tirada em 2015, na minha última ida a Paris, um conjunto de aspectos que a ele e às diferentes fases da sua obra associo. As formas, os traços, os arcos, os ângulos, os planos num misto de distanciamento, proximidade e sobreposição, os tons, as pessoas, o movimento adivinhado, fazem-me pensar nalguns quadros que conheço de Picasso. Os lugares por onde passava, as pessoas com quem se ia cruzando, os artistas, as técnicas e modos diferentes de interpretar o mundo, os museus que visitou, tudo o levou a renovar continuamente o seu olhar sobre a realidade e a exprimi-lo de forma inovadora nas obras que nos deixou.

Foto de M

quinta-feira, 4 de março de 2021

BY THE WAY…

Como post scriptum à publicação anterior com reflexões minhas sobre Joana Vasconcelos, as suas obras e artes manuais, quero acrescentar que a aprendizagem de tricô que recebi por influência familiar acabou por me ser útil ao longo dos anos. A vida dá muitas voltas, como um cachecol às cores que tricotei para os dias frios, tão comprido era que dava duas voltas ao meu pescoço e ainda sobrava a esvoaçar, o que inspirou um divertido vizinho meu inglês a chamar-lhe The long and winding scarf quando nos cruzámos uma vez na The long and winding road do bairro em que morávamos. Vem a estória a propósito de Pantelmina, peça elaborada com lãs de cores variadas, compridíssima, em exibição numa exposição de Joana Vasconcelos no Museu Berardo e que, por associação de ideias, me levou aos Beatles e a Conyngham Road.

M