Foto de M
Em criança, os meus Pais trouxeram-me da Suíça uma casinha semelhante à da fotografia. Com os anos desapareceu, tenho uma vaga ideia que se estragou. Já adulta, senti saudades dela e então alguém atento ofereceu-me esta outra. Acho graça àquele desencontro entre o casal. Nunca saem de casa ao mesmo tempo. Por vezes permanecem lado a lado, abrigados debaixo da varanda, indecisos, saio não saio, sondando os céus, talvez tentando adivinhar o que lhes for possível adivinhar sobre as intermitências do clima. Ele prefere os dias mais sombrios e frios. Previne-se com casaco comprido por cima da camisola quente, botas, chapéu, guarda chuva no braço para o que o céu oferecer. Não sei para onde se dirige, se vai fazer compras, se apenas gosta de passear pelos campos. Recolher as vacas que pastam nos montes, julgo que não. Ela aprecia as temperaturas amenas, usa roupa leve, vestido de manga curta, sapatos claros apropriados para dias secos, chapéu para se proteger do sol. Leva sempre consigo o saco das compras, não vá lembrar-se a meio do caminho de algo que lhe faça falta. O chocolate, por exemplo. Esse é uma tentação, indispensável para adoçar as tarefas diárias. Desconfio que também gosta de apanhar flores ali perto, os campos estão tão bonitos. Ficam lindos os raminhos de flores aconchegados numa jarra de vidro em cima da mesa da sala junto da janela com vista para a montanha. Pouco me importa como organizam as suas vidas. Para mim são uma grande ajuda, orientam-me nas minhas dúvidas sobre as disposições de alma dos dias.
M
2 comentários:
Encantadores! E penso que tanto eles, tal os descreves, como a casinha suíça e arredores, são tal qual. Tão bonito ver o tempo e o modo de estar com esse higrómetro alegre.
Relembro algumas paisagens desse país, há mais de 40 anos: quando as vi só pensava que eram exactamente como os "calendários" que nos enviavam todos os anos. Fiquei pasmada.
B
O teu texto, inspirado pela casinha, podia ser o princípio de uma grande novela!
Não queres experimentar?
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