segunda-feira, 24 de junho de 2024

A propósito das festas de São Pedro

 

Foto de M

Pelos episódios narrados no Novo Testamento sobre Pedro, sou levada a apreciar a personalidade deste homem. Um pescador conhecedor da sua arte, frontal, emotivo, entusiasta, generoso, medroso também, capaz de assumir os seus erros e chorar por causa deles (por três vezes negou, quando interrogado, a sua ligação com Jesus), crente e ao mesmo tempo incrédulo. Para exemplificar o que digo, transcrevo parte do significativo episódio narrado por Mateus: «(…) Depois, Jesus, obrigou os discípulos a embarcar e a ir adiante para a outra margem (…) A barca ia já no meio do mar, açoitada pelas ondas, pois o vento era contrário. Na quarta vigília da noite, Jesus foi ter com eles, caminhando sobre o mar. Ao verem-no caminhar sobre o mar, os discípulos assustaram-se, dizendo: «É um fantasma!» E gritaram. No mesmo instante, Jesus falou-lhes, dizendo: «Tranquilizai-vos, sou Eu; não temais». Pedro respondeu-lhe: «Se és Tu, Senhor, manda-me ir ter contigo sobre as águas». «Vem, disse-lhe Jesus. E Pedro, descendo da barca, caminhou sobre as águas para ir ter com Jesus. Mas, sentindo a violência do vento, teve medo e, começando a ir ao fundo, gritou: «Salva-me, Senhor!» Jesus estendeu-lhe a mão, segurou-o e disse-lhe: «Homem de pouca fé, porque duvidaste?» (…)» E mais exemplos poderia aqui acrescentar. (*)

Num outro registo, porque passíveis de esclarecimento histórico são para mim os assuntos bíblicos, lembro Emmanuel Carrère no seu interessantíssimo livro O Reino em cuja badana o autor diz: «A certa altura da minha vida fui cristão. Durou três anos. Depois acabou. Assunto encerrado, portanto? Não inteiramente, uma vez que vinte anos depois senti necessidade de regressar ao tema. E os caminhos do Novo Testamento que em tempos percorri como crente, percorro-os hoje de novo – como romancista? como historiador? Como inquiridor, digamos.» (**)

(*) In Bíblia Sagrada, Versão dos textos originais, 8ª edição, 1978, Difusora Bíblica (Missionários Capuchinhos)

(**) In O Reino, Emmanuel Carrère, Abril 2021, Edições tinta-da-china, Lda.

M

terça-feira, 18 de junho de 2024

A propósito das festas de São João do Porto

 

Sobre as festas populares em honra de São João sei tão pouco, para além de serem comemoradas com especial entusiasmo no Porto, que desconhecia ser este santo não o que eu pensava ser, o apóstolo de Jesus Cristo de nome João, mas um outro. Foi ao procurar informação mais completa na internet que descobri que no dia 24 de Junho se celebra o nascimento de São João Batista. Com origem no solstício de verão, era uma festa pagã em que as pessoas festejavam a fertilidade associada à alegria das colheitas e da abundância. Mais tarde a Igreja cristianizou essa celebração pagã, atribuindo-lhe São João Batista como padroeiro. Quanto à data de início da Festa do São João do Porto não se sabe com rigor. E como sou dada a fazer associações de ideias, lembrei-me de João Batista como personagem na ópera dramática Salomé de Richard Strauss, a partir da peça em que Oscar Wilde conta a sua própria versão da história bíblica de Salomé que se apaixona perdidamente por João Baptista. Uma ópera estreada em 1905 e considerada escandalosa na época (assim como a peça de Oscar Wilde), proibida em vários países durante alguns anos, até o maestro Herbert von Karajan, em 1929, ter tido a coragem de desafiar a proibição e a ter dirigido. Ainda bem que o fez. Esta ópera merece ser ouvida e vista.

pt.wikipedia.org

https://agendaculturalporto.org/festas-de-sao-joao-2023/

https://www.youtube.com/watch?v=kInyoCPyFb0

M

Foto retirada de:

Ágora - Cultura e Desporto do Porto, E.M., é a nova designação da PortoLazer, empresa municipal que, após a sua recente alteração estatuária, passou a englobar, para além das áreas do desporto e da animação, também a cultura, até aqui na esfera da Câmara Municipal.