Pormenor do quadro La Primavera, de Botticelli. Retirado da Internet.
Foto de M
Duas estações do ano de que gosto muito. Pela beleza e pelo contraste entre ambas. Numa, a luminosidade, a vivacidade das cores, na outra, a luz pensativa, a aceitação serena dos limites sazonais nos tons e nas perdas. Cada uma delas dando lugar a outra que se lhe segue. Para de novo voltar ao início do ciclo no seu tempo de vida. Assim a Natureza. E os seres humanos? À semelhança das estações do ano, as etapas das várias idades desde o nascimento tomam conta da nossa existência. Mas seguem-se umas às outras sem retorno possível, apenas deixam traços da sua presença no nosso corpo e na nossa memória. Nas pessoas que fazem ou fizeram parte do caminho, nos objectos, nas fotografias que tirámos ou nos tiraram, nos livros que lemos, nos filmes que vimos, nas músicas que ouvimos, nos lugares que conhecemos ou sonhámos visitar, nos espelhos onde nos perscrutamos. E tanta coisa fica por concretizar, sentir, compreender! Perante a realidade da finitude, sermos capazes de nos renovarmos interiormente será talvez um escape redentor.
M
(*) Tema a desenvolver esta semana no desafio proposto pela Justine no Palavra Puxa Palavra.
1 comentário:
A memória, o coração, a razão. Assim se nos multiplica o pensamento.
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