Oiço os meus passos na rua deserta.
Até oiço o ranger da madeira da varanda. Quem ali assomou em anos longínquos e tudo terá abandonado?
Flores, continuidade de vida, renascimento, alegria, caminhos, passos, encontros, rastos.
A antiga aldraba da porta em contraste com a fechadura contemporânea.
Outra aldraba. Como mão de alguém que se faz anunciar ao de leve à porta dos vizinhos, aparentemente assustados, aferrolhados com fechos e grades retorcidas. Porquê aquela espécie de varandim de madeira? Não sei. Ou se soube, não me lembro da explicação.
Tão bonitas as pedras encaixadas e o telhado de ardósia brilhante, também ele a lembrar formato de conchas.
A solidão da velha capela encostada à modernidade de um poste de electricidade?
Passam peregrinos, passam as suas orações, as suas crenças, passam viajantes, passa o tempo, fica a memória. Aqui, a minha. Com saudades dentro dela.
M
(Fotos de M)
1 comentário:
Beleza das coisas que se iam vendo. Que bom vê-las!
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