domingo, 1 de junho de 2025

Deixei a gárgula no seu lugar de séculos e...




Fotos de M

Deixei a gárgula no seu lugar de séculos e acompanhei o funcionário do Posto de Turismo de Alvito na visita à Igreja Matriz. É uma igreja arquitetonicamente imponente e elegante, mas, para mim, de certo modo pesada pela profusão de azulejos. Prefiro ambientes mais leves, como aliás mostram algumas paredes com frescos encontrados por baixo de azulejos levantados por exigência de conservação. Foram deixados a descoberto, felizmente, são tão bonitos. Julgo que é na simplicidade que o sagrado se revela. Confesso que não aprecio as habituais capelinhas laterais trabalhadas, com os santos nos seus nichos, que encontramos nas igrejas antigas. Terão muito valor como obras de arte, sem dúvida, mas as suas presenças pesadas sem expressão humana desagradam-me. Não me identifico com elas nem com as suas supostas santidades relatadas na História. Sendo este um lugar de oração para crentes ou apenas de reflexão para outros, não me imagino a pedir-lhes auxílio, estivesse eu em que aflição julgada intransponível.  Apreciei em particular a leveza dos frescos semi-recuperados, o diálogo silencioso entre luz e sombras, os bancos de madeira escura, as pedras dos arcos, da pia de água benta, do púlpito. Gosto de púlpitos, gosto daquelas curvas que geralmente existem nas escadas em todos eles. Imagino o passo lento do celebrante até ao cimo, com o pensamento na escolha da palavra desejada responsável e de esperança, ajustada aos tempos do mundo de cada assembleia. Quem dera tivesse sido sempre assim. Ou seja.

M

https://pt.wikipedia.org/wiki/Igreja_Paroquial_de_Alvito 

2 comentários:

bettips disse...

Os magníficos pormenores que aqui se tornam "maiores". Delicadezas tantas...

Parapeito disse...

É preciso ter a alma nos olhos para se captar a beleza das coisas simples e únicas.
Gostei das fotografias , da sua beleza e serenidade.
Abraço e brisas doces ***