domingo, 20 de julho de 2025

Sem trela nem açaimo

Felizmente o sinal acima não é para mim, será uma advertência aos donos de cães que encontro no parque na companhia deles. Não preciso de trela nem açaimo para passear, tenho liberdade, pelo menos a suficiente para me encantar com aquele lugar que reconheço nas quatro estações do ano que por ali deixam as suas marcas. Não lhe destroem a essência, antes pelo contrário, aperfeiçoam-na nos tempos próprios de cada uma. Para mim, este parque será como um vizinho a morar ao ar livre em espaço amplo e portas sempre escancaradas no meio da cidade poluída. Mais um, porque gosto de ter vizinhos. 

As escadas estavam lá, envoltas nas frescuras verdes das árvores, apenas algumas folhas secas deixadas ao abandono, entaladas nos degraus. Talvez quando saísse do parque as subisse.


Desta vez virei à esquerda. Resolvi passar pelo pequeno portão de ferro aberto. Tão elegante na sua leveza antiga o acho, apesar da ferida enferrujada agarrada à fechadura. Chamaram-me a atenção as folhas secas pousadas no parapeito da janela, entre a grade e o silêncio fechado por trás dos vidros. Desde quando estavam elas ali? Ainda, se o tempo é agora de verdes vivos? 

Segui o meu caminho mas olhei para trás: também no chão existiam os tons secos do abandono. 


Contornei a esquina: uma chaminé era sinal de que alguém teria ali vivido. Quem abriu e fechou aquela porta? Não sei.

M

(Fotos de M) 

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