Foto de M
É afectuoso, este rolo que sustém o silvo húmido do vento. Fez do parapeito da minha janela a sua casa, quase uma praia com flores em dunas macias sempre que o sol descansa nele, tórrido e enxuto. Ali permanece dia e noite, no silêncio de si mesmo, paciente, atento aos passos que dou e não dou, aos gestos ora indolentes ora vigorosos que me escapam dos braços, ao meu olhar por adivinhar absorvido nele. E o meu corpo nesse vaivém de tarefas que se insinuam no tempo e que com ele fogem, apenas uma ou outra pegada resistente ao anonimato desenhada no chão da memória.
M
6 comentários:
A humanização dos objectos, que tu fazes tão bem neste texto luminoso!
Beijo
à espreita para fora e para dentro :D
Temos objectos que não falam verbalmente mas acabam por comunicar de outras formas directamente connosco. Como este texto bem ilustra.
Beijos
TD
Os teus objectos pertencem-te, não no sentido de posse material, mas existem por ti e contigo. São teus quando os nomeias. É muito bonito este pensar sobre e com o inanimado. Muito teu.
Beijinho.
Não me dão "o tempo": eu roubo-o, aos bocados, na feitura da minha vida.
Por isso me vou repetir sem vos ler como vos gosto. Deixo abraços porque me sois belos.
derrama-se o teu olhar pelas coisas mais banais e screscentas-lhe sentido na subtil distância que vai do olhar ao coração.
amorável texto.
beijos
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